"Linha Direta" reconstitui hoje o caso Herzog

História do jornalista, morto no Doi-Codi, será abordada pelo programa da Rede Globo Linha Direta/Justiça

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Por Agencia Estado
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A morte do jornalista Vladimir Herzog, em 25 de outubro de 1975, nas dependências do II Exército, em São Paulo, ajudou a mudar a história do Brasil, pois apressou o fim da ditadura militar. No entanto, por causa da censura aos meios de comunicação na época, os fatos são lembrados nebulosamente. Por isso, o Linha Direta/Justiça, que vai ao ar hoje dramatizando aquele episódio, tenta abordar todas as versões dos fatos. "Este é um caso mais falado que conhecido", lembra o diretor do programa Milton Abirached, adolescente na época. A narrativa não terá abordagem exclusivamente política ou policial. "Vamos mostrar todos os aspectos - amoroso, humano, ético -, sem escolher um foco preferencial. Naturalmente, quando se fala em Herzog, o aspecto político grita mais alto e, por isso, nosso desafio é fazer outros aspectos mais desconhecidos gritarem também." Herzog era jornalista da TV Cultura e foi ao Destacamento de Operações de Informação e ao Centro de Operações de Defesa Interna (conhecidos pela sigla Doi-Codi) do II Exército para prestar depoimento. Morreu lá e oficialmente foi dado como suicida, embora seu corpo tenha sido encontrado sentado. Sua mulher, Clarice Herzog, jamais aceitou a versão e conseguiu, na Justiça, responsabilizar a União por sua morte. Em sua luta, teve apoio da comunidade judaica (à qual o jornalista pertencia), da Igreja Católica e outras instituições da sociedade civil. Na versão televisiva, o ator Ilya São Paulo vive o jornalista e Isabel Gueron, sua mulher. A pesquisa para reconstituição e a procura dos personagens envolvidos foi intensa, mas Abirached reconhece que faltaram depoimentos . "Não tivemos maiores problemas na apuração, a não ser pelo fato de que algumas pessoas morreram, entre elas, o torturador que matou Herzog. Dificilmente, porém, você encontrará o outro lado nesses casos: nenhum militar linha-dura vai dar a cara a tapa hoje para defender a tortura e a morte de militantes de esquerda naquela época", fala. "Logo, nossa apuração neste aspecto ficou capenga. Já do lado das vítimas, todos falam com alguma tristeza, e muita dignidade, como a viúva Clarice Herzog, o filho do Vlado, os jornalistas Leandro Konder, Paulo Markun, entre outros. Idem os defensores das vítimas, como dom Paulo Evaristo Arns, o rabino Henry Sobel e o juiz que reconheceu a responsabilidade da União na morte de Herzog." O caso Herzog é o 13.º Linha Direta/Justiça e o segundo com tema político. Em novembro passado, lembrou-se a saga da estilista Zuzu Angel, que lutou para encontrar seu filho, preso pela ditadura militar, e acabou morta na saída do túnel que hoje leva seu nome, no Rio.

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