Linguagens em intercâmbio

No Rio, festival exibe amostra do que vem sendo criado nas áreas de dança, circo e teatro no Brasil e exterior

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Por Roberta Pennafort
Atualização:

"Será que é o Homem-Aranha que vai descer ali?", perguntava o garotinho à mãe, apontando para as cordas que pendiam do alto do prédio do Oi Futuro do Flamengo, a 17 metros do chão. Era a abertura, na sexta passada, da 8.ª edição do Festival Internacional Intercâmbio de Linguagens (FIL), que traz ao Rio até domingo uma pequena amostra do que de mais interessante é apresentado em festivais de dança, circo e teatro no Brasil e fora. O impressionante balé aéreo Pirouettes, exibido na área externa do Oi Futuro, é resultado de experiência entre os franceses da Cia. 9.81, de Eric Lacomte, e nove brasileiros, arregimentados por Cláudio Baltar, da Intrépida Trupe. A parceria vinha sendo gestada desde o FIL de 2009 por sua curadora, Karen Acioly. "Conheci o Eric num festival na França e o chamei para cá, pois senti que era uma pena ele não trabalhar com artistas brasileiros", conta ela. Foi a obstinada atriz e diretora teatral, especialista em teatro infantil, quem criou o FIL e conseguiu firmar bons patrocínios (Petrobrás e Oi são os principais). É dela a seleção das novidades que agradam a todas as idades. Pirouettes é uma performance desse tipo. Cerca de cem pessoas eram esperadas, mas o público - mães e filhos, avós e netos pequenos, adolescentes - foi dobrado. Até do outro lado da calçada da Rua Dois de Dezembro havia gente acompanhando as acrobacias, pontuadas pela música do grupo instrumental Rabotnik, com participação especial de Arto Lindsay. "Nossa, deve ser muito legal fazer isso!", suspirava a pequena Nádia Ferrell, de 10 anos, ao lado da avó, igualmente embevecida diante dos artistas suspensos por cordas e elásticos. Ainda na sexta passada, na plateia de Sozinho/Junto, espetáculo trazido pelo alemão Raphael Hillebrand e o francês Sébastien Ramirez, da Cia. Movv"n Aktion, mais adultos e crianças vibravam. No enorme palco do Teatro Carlos Gomes, no centro, eles apresentaram um show de dança e imagens, que misturou projeções, jogos de espelhos, breakdance e realidade virtual. Tudo ao som de hip-hop. Karen descobriu a dupla também na França. "Já apresentamos esse espetáculo na Europa e na África, e queríamos muito fazer uma turnê pela América Latina", contou Hillebrand depois do show, ainda emocionado com a forte reação do público. "Foi maravilhoso! O Brasil é conhecido por combinar culturas diferentes e fazer algo próprio dessa mistura. O hip-hop tem muito a ver com isso." Peças. O FIL também mostrou, com lotação total, peças nacionais de sucesso, como A Mulher Que Matou os Peixes e Outros Bichos, baseada em diversos textos para crianças de Clarice Lispector, e O Ogroleto, de Karen Acioly, sobre um menino do tamanho de um adulto e com hábitos misteriosos. Outro destaque do festival foi A Viagem Grandota, com o ator e contador de histórias José Mauro Brant e o violonista Fabio Nin. Ainda fizeram parte do evento encontros de artistas brasileiros e estrangeiros e ateliê de moda e de forró para crianças.

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