Lia Rodrigues põe "Anos 70" na dança

Sua coreografia Aquilo de Que Somos Feitos dialoga com as artes visuais na mostra multidisciplinar Anos 70: Trajetórias, em cartaz no Itaú Cultural

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Por Agencia Estado
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O Itaú Cultural está com suas portas abertas para o evento multidisciplinar Anos 70: Trajetórias. A partir de amanhã, Lia Rodrigues e companhia apresentam Aquilo de Que Somos Feitos no espaço reservado às exposições. A coreografia estreou no ano passado, numa época em que eram discutidos os 500 anos de Brasil. "Em uma conversa com os bailarinos, pensamos muito sobre a maneira como temos atuado social e politicamente", conta Lia. "Surgiram idéias, sugeri uma série de coisas que os meninos consideraram muito ´anos 70´. Acredito que a peça tenha um perfume dos anos 70, mas sem dúvida nenhuma possui uma visão crítica." Em um primeiro momento, bailarinos nus sugerem novas formas e perspectivas para o público. "A proposta é fazer com que as pessoas descubram outros meios de ver e interpretar os corpos. Sugerimos formas diferentes do que estamos acostumados - o corpo aparece como uma tela, cada um observa e cria imagens à sua maneira", explica a coreógrafa. Em seguida, slogans e clichês da atualidade. "Como essas idéias formam o corpo social e político e de que maneira interferem no cotidiano. A roupa é um exemplo, ela fala aos outros muito de nós, de nossa personalidade", comenta. Aquilo de Que Somos Feitos será dançada pelos três andares da exposição, o público será itinerante. A coreografia vai promover um diálogo com as artes visuais - uma bailarina fará sua performance dentro de uma obra de Tunga - e com os espectadores. "Os corpos dos bailarinos também farão parte da mostra; há uma movimentação dentro do espaço, o que deverá interferir tanto na interpretação da coreografia como das peças." As atividades do Anos 70: Trajetórias não páram por aí. Sob a curadoria da professora e pesquisadora Dulce Aquino prossegue com duas mesas-redondas com a participação de artistas que vão debater a produção coreográfica nacional da década de 70 no domingo e no dia 2 de dezembro, sempre antes das apresentações. Foram escolhidos quatro artistas que estiveram em evidência naquela década, que debaterão "O Projeto Artístico e Ideológico dos Anos 70". Domingo, o coreógrafo J.C. Violla e o diretor artístico do Balé do Teatro Castro Alves, Antonio Carlos Cardoso, analisam as pesquisas de liguagem e as temáticas implantadas no período discutido. No dia 2, o professor do Instituto de Artes da Universidade de Brasília, Hugo Rodas, e a diretora do Ballet Stagium, Marika Gidali, falam sobre a dança como um instrumento de ação social, que respondeu ao cenário político autoritário da época. Os debates, mediados por Dulce, também contam com exibição de vídeos e discussões abertas ao público, mas voltadas para estudantes e professores de dança, artistas e coreógrafos. Aquilo de Que Somos Feitos. De quarta a sábado, às 21 horas; domingo, às 19 horas. Grátis. Itaú Cultural. Avenida Paulista, 149,tel. 3268-1700. O espetáculo é recomendado para maiores de 18 anos.

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