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Letícia Sabatella: em CD, no cinema e em documentários

Agenda da atriz, depois do fim de O Clone, em que interpretou a muçulmana Latiffa, está lotada, com gravações de CD, filmes, e documentários do marido Ângelo Antônio

Por Agencia Estado
Atualização:

Letícia Sabatella, pelo visto, não deixou muitas saudades para os fãs depois do fim de "O Clone", em que viveu a obediente Latiffa. Não por mau desempenho. Tanto que seu talento, fora da telinha, tem sido tão requisitado que ela ainda nem conseguiu conferir o resultado final do filme "Durval Discos", de Anna Muylaert, vencedor de sete Kikitos em Gramado, e no qual ela interpreta uma seqüestradora disfarçada de empregada doméstica. "Eu ainda nem vi o filme pronto, mas foi uma delícia fazê-lo", conta. A correria fica por conta de seus outros trabalhos. Atualmente, o potencial de sua voz pode ser conferido em "Do Cóccix Até o Pescoço", novo álbum de Elza Soares, com quem canta em dueto na faixa "A Cigarra". Também participou na edição e pesquisa dos documentários São Seu e A Cerca, de seu marido Ângelo Antônio (que acabam de ser selecionados para o Festival Internacional de Londres). Com tantos projetos assim, o apoio da família é fundamental para a atriz. "A Clara (sua filha), mesmo tendo 9 anos, entende perfeitamente, e até lemos textos juntas". Para quem sonha em encontrar Letícia pessoalmente, pode não ser tão difícil como se imagina, por conta de seu hobby. "Adoro andar. Aqui no Rio, sempre vou caminhar no Jardim Botânico." Mas seu passatempo preferido tem de seguir uma condição: "Adoro andar em contato com a natureza. Morei um ano em São Paulo e quase morri. Mesmo o Rio não é suficiente e, quando dá, corro para o meu sítio (no interior fluminense)." Agência Estado - A arte, de uma forma geral, sempre fez parte da sua vida, não é mesmo? Qual é a área que mais lhe agrada? Letícia Sabatella - É verdade. Vivi em Curitiba quando era pequena. Lá, fazia aulas de balé no Teatro Guaíra e acabei entrando em contato com um universo de possibilidades artísticas - orquestra, ópera, teatro. Tenho vontade de cantar para aprender, para o meu trabalho, e não para virar cantora. Não tenho exatamente preferência por um ou por outro. O teatro me transforma bastante e o cinema me emociona. Já a tevê pode ser mais industrial, superficial, mas te permite falar para muitas pessoas e lidar com movimentos sociais atuais. É verdade que sua experiência como cantora acabou resultando num convite do Carlos Lombardi para participar de uma novela, interpretando uma cantora de rádio da década de 50? Quando conheci o Lombardi, ele foi supergentil e elogiou bastante meu trabalho. Agora, essa notícia sobre a nova novela, fiquei sabendo pelos jornais. Fiquei muito feliz, embora não tenha recebido o convite formalmente. Ao contrário de muitos outros atores, você e seu marido (o ator Ângelo Antônio) quase nunca aparecem em badalações. É difícil manter a solidez de um casamento no meio artístico? Achamos que quanto menos palavras a gente disser, melhor, porque elas serão mais ouvidas. Tem gente que fala demais e, quando quer ser ouvido, já está desgastado. Eu e o Ângelo estamos juntos há dez anos e muito do nosso amor só pôde ser construído na relação do dia-a-dia. O tempo só fortaleceu nossa relação. Você é uma bela mulher, mas sempre fez questão de ressaltar outras qualidades além da beleza. Te incomoda ser chamada de símbolo sexual? Não me considero isso. No começo da minha carreira na tevê, eu fiz uma prostituta (Thaís, em ´O Dono do Mundo´, de Gilberto Braga). Aí, percebi que as pessoas queriam enveredar um pouco para esse lado. A receita foi persistir e continuar batalhando para preservar o meu trabalho. Deu certo. Você começou na TV como uma prostituta em "O Dono do Mundo" e acabou de viver uma mulher extremamente obediente em "O Clone" (a muçulmana Latiffa). Como avalia esta última personagem? Mesmo depois do fim da novela, ainda sinto o efeito da personagem na minha vida. A Latiffa me fez pensar muito sobre a condição da mulher no mundo árabe. Além disso, a novela colaborou com um momento histórico muito conturbado, humanizando para mim a cultura islâmica, enquanto veio à tona aquela parte do mundo com os atentados do 11 de setembro.

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