“Em Camus, assim como fora outrora com Nizan, o insignificante e covarde Sartre viu o homem de ação que aspirava a ser e que foi imortalizado nas páginas como o Brunet de Os Caminhos da Liberdade. Em Camus ele viu um homem vivendo o compromisso com a Resistência que apenas era capaz de observar de um canto afastado, lamentando o fracassso do “Socialismo e Liberdade”. Camus representava um tipo ideal para Sartre, seu “brilho e ofuscamento”, como Beauvoir descreveu, cegando o homenzinho ainda aprisionado em sua cabeça, debatendo-se com teorias e sistemas. Como um amante rejeitado, Sartre recordou em 1952 o que Camus significara para ele durante a guerra: “Entregar-se sem reservas para a Resistência. Vivenciar inteiramente uma luta austera, sem glória ou fanfarra cujos perigos dificilmente eram enaltecidos; e pior, correndo o risco de se ver rebaixado e aviltado.
Em 1952, Sartre, por um ou dois segundos, admitiu a verdade. Camus foi o autêntico combatente da Resistência que Sartre não foi. De um modo geral, Sartre e Beauvoir, indissoluvelmente ligados um ao outro com suas mentiras, maquinaram uma versão oficial dos eventos em que Sartre reivindicava uma paridade com Camus.”