Leia a íntegra deste artigo e trechos de '1Q84'

DENNIS LIM

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Por Redação
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BOOKFORUM

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As histórias de Haruki Murakami estão sempre resvalando de um plano de existência para outro. Quer se passem no fundo de um poço ("The Wind-Up Bird Chronicle") ou no alto de uma roda-gigante ("Minha Querida Sputnik") ou através de uma tela de televisão (Após o Anoitecer), a maioria de seus personagens em algum ponto se vê transportada do que considerava realidade para uma nova e estranha irrealidade. Mas Murakami, em particular, argumentaria que, em meio à confusão de nossa nova desordem mundial, esses conceitos não são exatamente o que costumavam ser. Escrevendo no International "Herald Tribune", em 2010, ele se perguntava: "Numa era em que a realidade é insuficientemente real, quanta realidade pode possuir uma história ficcional?" Estendendo um experimento mental, Murakami chama nossa realidade verdadeira de Realidade A e o mundo hipotético que poderíamos ter tido se o 11 de Setembro não tivesse ocorrido de Realidade B. A Realidade A teria um "nível de realidade inferior" ao da "mais racional" Realidade B? Nosso mundo seria menos real do que um mundo irreal? E se o nosso senso de realidade mudou fundamentalmente, como isso afeta as histórias que contamos?

Os personagens do novo e volumoso romance de Murakami, "1Q84", passam boa parte do tempo se desconcertando com a relação entre duas realidades. Uma é a Tóquio de 1984. A outra não é exatamente um mundo paralelo - "Você anda lendo ficção científica demais", uma figura oracular zomba quando alguém levanta essa possibilidade -, mas uma variação sutil e funestamente torcida, a nova realidade que se materializou quando a velha "mudou de trilho". Um dos dois personagens principais do livro a chama de 1Q84, "um mundo que carrega uma pergunta". (É também um trocadilho: nove em japonês se pronuncia "kyu", como a letra Q em inglês).

Uma espécie de apoteose para o mais popular romancista vivo do Japão, "1Q84" combina a melancolia destilada dos contos e romances menos volumosos de Murakami ("Norwegian Wood"; "South of the Border", "West of the Sun") com a grande imprevisibilidade de suas obras épicas, mais deliberadamente sérias ("The Wind-Up Bird Chronicle", "Kafka à Beira-Mar"). Três livros em um, totalizando 944 páginas, é o comentário mais elaborado e extenso dos temas que ele tem retrabalhado por 30 anos: solidão, desejo reprimido, o viés de violência latente do Japão (da humanidade), a forma do tempo, o caráter elusivo do ser, a maleabilidade da realidade. Seus detratores o criticam por se repetir, mas a repetição e a desfamiliarização (sua outra face) são ferramentas vitais no arsenal desse autor obsessivo. Transmigrando personagens e enigmas, rearranjando leitmotivs em novos padrões, suas histórias são paradigmas do incomum, baseadas na premissa da peculiar coexistência do familiar e do não familiar. O déjà vu é tanto o viés dominante como o princípio organizador de sua obra.

Os protagonistas de "1Q84", Aomame e Tengo, cujas histórias são contadas em capítulos alternados, são versões da "garota solitária comum" e do "rapaz solitário comum" de um dos contos mais conhecidos de Murakami, "On Seeing the 100% Perfect Girl One Beautiful April Morning", que sabiam desde tenra idade que foram feitos um para o outro e de alguma forma se desencontraram. Como os adolescentes enamorados de "South of the Border", é um momento único que sela seus destinos aos 10 anos. Reagindo a uma espécie de gesto de seu colega de classe Tengo, a rejeitada e intimidada Aomame, evitada por dizer orações em voz alta (seus pais pertencem a uma seita fanática cristã), estende a mão e aperta a dele. Essa conexão táctil, elétrica, os marca indelevelmente. E aí, sem trocar uma palavra, eles desaparecem da vida um do outro por anos.

As buscas românticas de Murakami são tipicamente relatos em primeira pessoa de um narrador masculino aflito, definhando por um garota que realizou um ato de desaparecimento. Em "1Q84", porém, narrado na terceira pessoa, a busca é mútua: dupla, espelhada e amplificada a proporções cósmicas. A atração inicial de Tengo e Aomame é tão profunda que sua muito postergada reunião - aos 30 anos - pede nada menos que uma correção de curso do universo. E apesar de Tengo lembrar um sem-número de personagens discretos de Murakami, a compenetrada e pensativa Aomame é, de algum modo, uma criação surpreendente para um autor que com frequência posicionou mulheres como catalisadoras narrativas ou projeções masculinas: uma personagem feminina integralmente imaginada com desejos complexos e uma rica existência interior.

As vidas de Aomame e Tengo aparentemente evoluíram de maneira concertada. Ambos saíram de casa e cortaram laços com suas famílias tirânicas no começo da adolescência, e apesar de nada celibatários (Tengo se relaciona com uma mulher casada mais velha e Aomame frequenta bares de solteiros), ambos se esquivam de ligações românticas. Suas órbitas começam a se entrelaçar quando Tengo, professor de matemática e aspirante a romancista, é contratado para reescrever "Air Chrysalis", novela de uma tímida garota de 17 anos chamada Fuka-Eri. Essa história surreal de uma menina que vive numa comuna e encontra uma tribo possivelmente maligna de Pequeninos foi inspirada numa experiência real. O pai de Fuka-Eri é o líder de um culto chamado Sakigake, do qual ela fugiu alguns anos atrás. O livro, que se torna best-seller, também ganha vida própria, e alguns de seus detalhes mais bizarros conseguem saltar da página e aparecer no mundo físico de "1Q84", no qual Tengo e Aomame foram parar sem saber muito bem como.

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Como Tengo, Aomame tem dois empregos. Treinadora de um clube esportivo, ela é também uma assassina que elimina homens truculentos para uma viúva rica que mantém um abrigo para mulheres agredidas pelos maridos. Seu método, que se apoia numa consciência sobrenatural da musculatura humana, é enfiar delicadamente um pequenino picador de gelo num ponto na base do cérebro, um procedimento instantaneamente letal, "simples como enfiar uma agulha num pedaço de tofu". Sua missão mais difícil até o momento a leva a ter contato direto com o núcleo sombrio do culto Sakigake.

Os livros mais longos de Murakami amiúde avançam por uma livre associação de ideias. "1Q84", alternando entre os potenciais amantes, é mais convencional. O ponto de convergência da narrativa é também o momento prometido da consumação romântica. Mas apesar de a ação principal se estender por meros nove meses (provavelmente não é incidental que esse recorte de tempo seja também a duração da gestação humana), há amplos flash-backs para episódios formativos e cenas primordiais. E apesar do movimento evolutivo, as reflexões esquisitas de Tengo sobre a forma do tempo - que se "deforma à medida que avança" e não é uma linha reta, mas, talvez, "uma rosquinha retorcida" - são uma chave da estrutura secreta do livro, que deve ser encontrada na rede de histórias que nele se entrecruzam e se influenciam mutuamente.

Assim como a lembrança comum que perseguiu Aomame e Tengo por duas décadas abre caminho para suas mentes conscientes e gradualmente envolve a história, "1Q84" induz uma vertigem quintessencialmente murakamiana - o passado se infiltra no presente, causa e efeito se confundem, e os personagens são impelidos por forças fora do seu controle e compreensão. A mais potente dessas forças é a ficção. "1Q84" está repleto de histórias dentro de histórias, e algumas delas, uma vez contadas, podem deformar a realidade, ou literalmente mudar o mundo. Além de "Air Chrysalis", que ativa todo um caos cósmico, há contos de ninar, sonhos narrados e, entre muitas alusões literárias, acenos para Orwell, Chekhov, Dostoievski e Shakespeare. "Town of Cats", uma vinheta assombrosa estilo Além da "Imaginação" (atribuída a um escritor alemão fictício não nomeado) sobre um homem que acaba abandonado num "lugar onde ele está para se perder", torna-se uma história moralizante prática para o existencialmente aflito Tengo. As microficções plantadas por todo "1Q84" são como pequenas bombas-relógio, detonando não com o impacto, mas mais tarde, inesperadamente, quando adquirem novas ressonâncias ou cruzam com outras narrativas. Mais do que qualquer romance de Murakami até agora, "1Q84" é ficção sobre o poder da ficção - um experimento metaficcional que tem o efeito de um feitiço.

O terreno movediço de 1Q84 pode não obedecer a muitas das convenções da fantasia que regem mundos alternativos, mas há um decisivo aspecto de toca de coelho em como chegamos lá. Presa no tráfego, Aomame decide descer por uma escada de emergência na lateral de uma via expressa de Tóquio, a conselho, estilo David Lynch, de um motorista de táxi ("Por favor, lembre-se: as coisas não são o que parecem") ressoando em seus ouvidos. A recordação de Tengo de um dia com seu pai enfermo num asilo - vívido, mas com "toques de irrealidade nas bordas" - é parecida com a nossa experiência de "1Q84", um lugar que nós, com os personagens, habitamos alertas para seus interstícios obscuros, as passarelas ocultas da vista de todos. Mesmo o corpo de uma garota adolescente pode, numa noite tempestuosa, servir de passagem entre mundos.

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A chave metafísica de uma obra de Murakami pode ser, amiúde, encontrada na relação entre seus múltiplos mundos. Os capítulos alternados de "Hard-Boiled Wonderland", por exemplo, são revelados por uma função da consciência dividida de seu narrador. O mais enervante em "1Q84" é que persiste a dúvida sobre seu status como um mundo alternativo - não fica claro se as pessoas em torno de Tengo e Aomame estão realmente nele, ou conscientes de que estão - refletindo a aparente convicção de Murakami de que é cada vez mais difícil distinguir a realidade da irrealidade.

Aomame nota algumas coisas esdrúxulas no mundo que a espera ao pé da escada - os policiais carregam armas diferentes, a história tomou um rumo ligeiramente diferente - e uma discrepância gritante: uma segunda lua menor e cor de musgo no céu. (Essa, nas circunstâncias, é uma característica do mundo descrito em Air Chrysalis). Especialmente na segunda metade de 1Q84, com Aomame e Tengo começando a sentir a presença um do outro, há muito olhar para o céu noturno, e Murakami vê na lua não apenas um símbolo de mudança, mas também, via Yeats, "o mais mutável dos símbolos": um objeto de contemplação, um guardião do tempo celestial, um signo de fertilidade, um repositório de memórias antigas, a testemunha (ou juíza) silenciosa de toda atividade humana. A noção de uma lua sombra ilusória possível também remete à concepção de Murakami dos problemas do indivíduo, que está sempre sujeito a deslizamentos e divisões, criando fantasmas ou deixando vasos ocos para trás no processo. Em "1Q84", uma crisálida de ar - um casulo semelhante a um útero que os Pequeninos constroem com fios brancos puxados do ar rarefeito - é passível de conter um indivíduo sombra chamado dohta.

A descontrolada intriga metafísica, que também inclui a paralisia hipnótica repentina e numerosos exemplos de telepatia (e uma de telecinesia), é apresentada no estilo convencional de Murakami, em que a mágica parece estar ocorrendo entre as linhas. Sua voz equívoca, descontraída, nunca será para todos os gostos (Geoff Dyer a menosprezou como "prosa de baixa manutenção, com déficit de atenção"), mas ela se ajusta como uma segunda pele aos registros gêmeos de realismo cotidiano e fabulação impassível de Murakami - ou, talvez mais precisamente, às junções entre eles.

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Na avaliação que Aomame faz da prosa "ilusoriamente simples" de Tengo em "Air Chrysalis", detecta-se, talvez, uma autocritica imodesta de Murakami. "Nenhuma parte dela ficou palavrosa, mas, ao mesmo tempo, ela tinha tudo de que precisava", ela observa. "Sobretudo, o estilo tinha uma qualidade maravilhosamente musical". É revelador que Murakami tenha comparado a escrita tanto ao jazz (ritmo, um senso de improvisação livre) como à corrida (uma espécie de estado de transe). Apesar de seus ânimos oníricos emergirem de uma vaguidade deliberada, ele também pode descrever conceitos abstratos com uma precisão quase perversa. As conversas em 1Q84 são carregadas de muitos tipos diferentes de silêncio: "um silêncio pesado tendo a ver com responsabilidade"; um silêncio com "todo o peso de um saco de areia"; um silêncio expectante, "como uma litografia ainda sem nenhuma palavra gravada". O fluxo do tempo é descrito como "natural, igual", ou "como um rio se aproximando da foz". Ler Proust deixa Aomame com "uma sensação de tempo oscilando irregularmente quando se tenta forjá-lo avançando".

Como era de se esperar de uma confessa criatura do hábito, os rigores e confortos da rotina continuam sendo uma pedra de toque da ficção de Murakami mesmo quando a cosmologia enlouquece. "1Q84" esbanja atenção nos prazeres simples de ler, cozinhar e comer, no processo de escrita de Tengo e no regime de malhação de Aomame. Há uma curiosa calma e um pathos muito humano no centro mesmo das histórias mais turbulentas de Murakami. Histórias de realismo mágico tendem a avançar por seus episódios fantásticos como se nada fora do comum estivesse ocorrendo. Mas os personagens de Murakami não conseguem deixar de observar discretamente o extraordinário de suas circunstâncias, e, mais do que isso, a pura estranheza da existência.

Esse imperativo constante - entender as coisas - dá conta (e, com mais frequência, justifica) do excesso de explicação nas obras mais fantasiosas de Murakami. Em seu terço final, 1Q84 introduz uma perspectiva adicional: a do grotesco, mas simpático, Ushikawa, um detetive desajustado visto pela primeira vez em "The Wind-Up Bird Chronicle", que inadvertidamente ajuda reunir Tengo e Aomame. À medida que o clímax se aproxima, Murakami tranca seus personagens numa tripla estase: Tengo cuidando do pai moribundo, Aomame entocada num esconderijo, Ushikawa numa missão de vigilância - e a cada um é deixado que resuma e interprete o que ocorreu até ali, e decifre seu lugar no esquema geral.

Na falta de significado, é natural buscar conforto em histórias, construí-las se necessário. Isso pode ser fatalmente perigoso, como Murakami mostrou em seu livro Underground, que consiste de entrevistas com sobreviventes do envenenamento com gás sarin no metrô de Tóquio em 1995 e com membros do culto Aum Shinrikyo, que perpetraram o ataque. Ex-discípulos falam sobre viver "numa ficção", e o líder, Shoko Asahara, é chamado de um "mestre contador de histórias". Esse insight ressurge em 1Q84. Ao equiparar verdade a "dor intensa", o líder da seita Sakigake (tipo Aum) diz a Aomame, "O que as pessoas precisam é de histórias belas e confortantes que as façam sentir que suas vidas têm algum significado".

A posição implícita de Murakami é que os perigos da narrativa não negam seus prazeres. Muito ao contrário, eles a tornam mais necessária. Uma maneira de explicar sua imensa popularidade global é vê-lo como um romancista com uma compreensão profunda, intuitiva, do que a ficção ainda pode fazer e do que as pessoas podem querer dela hoje. No artigo do "Herald Tribune", descrevendo-se como "um piloto humildemente esperançoso de mente e espírito", Murakami chamou a história de "um dos conceitos humanos mais fundamentais", "um meio de transmissão cultural". Ao aceitar o Jerusalem Prize em 2009, ele sugeriu uma dimensão política e moral para sua ficção: "Na maioria dos casos, é virtualmente impossível agarrar a verdade em sua forma original e descrevê-la com precisão. É por isso que tentamos agarrar sua cauda atraindo a verdade para fora de seu esconderijo, transferindo-a para um local ficcional, e substituindo-a por uma forma ficcional." Em "1Q84", livros são comparados ora com estratégias para resolver problemas, ora com mapas e manuais que contêm um "código secreto", ou ainda com anticorpos para um vírus.

O diagnóstico de Murakami de um mundo com um déficit de realidade é precisamente o que está subjacente ao manifesto Reality Hunger de David Shields. Mas onde Shields proclama a obsolescência de "tramas inventadas e personagens inventados" nesta era de incerteza, Murakami, que sempre teve uma simpatia especial pelo traumatizado e o desorientado, vê um propósito renovado para a ficção. Em meio à inapelável confusão de um mundo fora dos eixos, em si uma fonte interminável de narrativas desajustadas, sua resposta é combater história com história - "transformar tudo numa história".

O mundo em que vivemos pode parece irreal, mas é a única realidade que temos. Como o guru culto previne Aomame, "este não é um mundo de imitação, um mundo imaginário, um mundo metafísico". Os personagens de "1Q84", alguns temendo que o livre arbítrio seja uma ilusão, preocupam-se constantemente de ter aberto a caixa de Pandora, com o caráter irreversível do tempo e a impossibilidade de desfazer o que foi feito, de recuar. A grande epifania do livro é ainda mais eletrizante por ser um simples ato de prestidigitação, uma mudança de perspectiva que reconfigura o mundo. Aomame se agarra ao potencial de controlar a narrativa que a atirou sabe-se lá onde. "Nós criamos a história, e, ao mesmo tempo, é a história que nos põe em movimento", ela diz para si mesma. Ou, em outras palavras, não pode haver ação sem imaginação.

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/ TRADUÇÃO DE CELSO PACIORNIK

© Bookforum, Dez/Jan, 2012

DENNIS LIM É ESCRITOR E VIVE EM NOVA YORK

 

Trechos de 1Q84, de Haruki Murakami (tradução do japonês de Lica Hashimoto, Alfaguara)

"Ao chegar no trecho de acostamento, Aomame olhou ao redor procurando a escada. Logo a encontrou. Assim como o motorista a precavera, logo na entrada havia um portão trancado e uma cerca de ferro da altura da cintura. Pular a cerca de minissaia era um pouco inconveniente, mas, desde que não se importasse com os olhares alheios, não era tão difícil. Sem titubear, tirou os sapatos e os guardou dentro da bolsa. Andar descalça certamente estragaria suas meias finas, mas isso era o de menos, depois poderia comprar outras.

As pessoas. em silêncio, observaram Aomame tirar os sapatos e, em seguida, o casaco. Da janela aberta de um Toyota Celica preto, parado bem à sua frente, a voz aguda de Michael Jackson soava como música de fundo: Bilie Jean. Ela se imaginou num palco de striptease. 'Tudo bem. Olhem à vontade. Vocês devem estar entediados com esse congestionamento, não é? Mas, senhoras e senhores, saibam que não vou tirar mais nada. Por hoje, somente os sapatos e o casaco. Sinto muito', pensou." (p. 21)

 

"Emocionalmente, você já está preparado para reescrever Crisálida de ar. Para mim, isso está mais que claro. O fato de o plano ser arriscado ou de ferir a ética não tem a mínima importância. Tengo! Você está morrendo de vontade de reescrever, de próprio punho, a Crisálida de ar. (...) E é aí que existe a diferença entre a literatura e as ações. Bem ou mal, existem coisas que acontecem por motivações que vão além daquelas que o dinheiro traz. Volte para casa e descubra o que você realmente quer. Fique de frente para o espelho e observe atentamente o seu rosto. Você verá que isso que eu acabei de dizer já está escrito na sua cara. " (p. 45)

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