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Lecy Beltran apresenta seus personagens de bronze

Artista, que vai doar hoje ao Estado a escultura Jornaleiro, retrata crianças e figuras tipicamente brasileiras e já foi premiada no exterior

Por Agencia Estado
Atualização:

Nascida em uma família italiana que "resistia um pouco à idéia de ter uma artista" entre seus integrantes, Lecy Beltran só foi conseguir se dedicar totalmente ao ofício de escultora depois que se casou. Antes, desenhava, pintava, mas a paixão pelo trabalho com a forma e com o volume tornou-se oficial a partir de 1990, quando Lecy começou a estudar no ateliê de Dante Dado de Giacomi. Desde então, a artista coleciona prêmios que recebeu em salões e exposições em todo o mundo; orgulha-se de obras públicas fixadas no País e até no Vaticano; e dispõe de tempo para ensinar arte para crianças de escolas públicas. De seu trabalho, é notável o gosto pelo bronze e pela figuração. Um garimpeiro, peixeiro, uma plantadora de arroz, os imigrantes ou um jornaleiro - cada um deles se compõe, primeiro, em argila, depois, em uma forma de cera colocada no forno e, por fim, recebendo o bronze, a técnica que Lecy escolheu para desenvolver sua carreira. "Qualquer pessoa se emociona quando assiste ao processo. Chorei quando vi pela primeira vez", diz. Sobre a escultura, Lecy defende que interessa-lhe mais esse meio porque a pintura é "um pouco chapada". Mas defende que "todo mundo tem a possibilidade de fazer algum tipo de trabalho manual" e que, para ela, esculpir foi o melhor modo de se sentir bem. Inspiração - A temática é diversificada, qualquer assunto desperta interesse em Lecy. "Passei por muitas fases e todos os artistas têm isso, são bem criativos", afirma. Atualmente, o tema mais recorrente em suas esculturas são as crianças. Um trabalho recente foi uma fonte que reúne cinco meninos em situações tipicamente vividas na praia como, por exemplo, ouvindo uma concha. Outro exemplo é a escultura Jornaleiro, que teve como modelo seu neto. Mas a temática que Lecy mais gosta de ressaltar é a inspirada em personagens brasileiros, material que lhe rendeu uma série de 26 figuras premiadas, em 1997, na China Art Expo, em Pequim. "Todo mundo tem curiosidade em conhecer o Brasil", diz ela. A série foi reconhecida lá e em outras partes do mundo como na França, pela Universidade de Poitiers, em Washington e no Vaticano. Além de premiações, Lecy traz em seu currículo o registro de participações em mostras em Cannes, Miami, Nova York, Mônaco, Moscou, Portugal, na Aústria, Portugal, Espanha e Alemanha. E, mais, suas esculturas feitas em bronze integram acervos e coleções particulares de universidades nos países citados acima, em embaixadas do Brasil em Lisboa, Moscou e Tóquio e, curiosamente, uma caricatura "agradável" de Luciano Pavarotti está abrigada na residência do tenor, em Nova York. Por fim, há os monumentos. Na Avenida Brigadeiro Faria Lima, em São Paulo; no Aeroporto Internacional da capital paulista; na Ponta da Praia, em Santos; no Palácio do Vacariato, no Vaticano; e duas em Espírito Santo de Pinhal. "Trato essas estátuas como se fossem meus filhos. Sempre fico verificando se essas peças estão sendo bem cuidadas", diz. Lecy ainda se dedica, há três anos, ao projeto "Em Busca da Criatividade", em que ministra aulas gratuitas para adolescentes de escolas públicas da região de São Paulo. As segundas-feiras são reservadas para aulas de escultura e as terças-feiras, para o curso de pintura. As turmas são formadas por meio de uma seleção que a artista faz nas diversas escolas. Alunos compreendidos entre uma faixa etária de 13 a 16 anos apresentam seus desenhos e 15 deles são escolhidos para cursar as aulas. "É o meu modo de colaborar", define a escultora.

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