LCD Soundsystem relê o pós-punk pela lente de Eno

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Por Guilherme Werneck
Atualização:

Quando ouviu I"m Looosing My Edge, do disco de estreia do LCD Soundsystem, Mark E. Smith, do The Fall, se sentiu roubado e não homenageado. Brian Eno, se fosse tão mesquinho quanto Smith, poderia se sentir igualmente surrupiado agora. This Is Happening, terceiro álbum da banda de James Murphy, em certa medida já aconteceu no fim dos anos 1970 e no começo dos 1980 em discos de David Bowie (a trilogia berlinense de Low, Heroes e Lodger)ou no Talking Heads de Fear of Music e Remain in Light, todos com Eno na produção. Embora sejam referências claras - estão na bateria reta e na guitarra angulosa, a la Robert Fripp, de All I Want, na percussão e no teclado com sequenciamento minimalista de Dance Yrself(é assim mesmo Yrself) Clean, ou na cascata de vocais de Drunk Girls -, Murphy sempre dá um jeito de pegar o essencial pós-punk e tirar o bolor, deixando aquela velha roupa com cara de nova. One Touch e Pow Pow, diferentes entre si, são os melhores exemplos disso. O passado está lá, mas é tão bem temperado, pela batida dance da primeira e pela crueza da segunda, que soam originais.

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