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Lázaro Ramos para crianças

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Ele é um ator multimídia, um dos mais conhecidos - e melhores - do País. Lázaro Ramos nasceu para brilhar, no cinema, teatro e televisão. Só que não lhe bastava criar outras vidas representando. Lázaro estreia como autor de livros infantis. E hoje autografa exemplares de seu livro A Velha Sentada aqui em São Paulo.Numa entrevista para Serginho Groisman, na TV Globo, Lázaro revelou que, se pudesse, trabalharia só com e para crianças. A Velha Sentada é um livrinho - definição afetuosa - de 48 páginas, fartamente ilustrado. Dá para ler a história de Edith, a protagonista, numa sentada, como se diz, mas Lázaro demorou sete anos para escrevê-la.Sete anos é muito tempo, mas foi o tempo justo, até porque durante este período Lázaro não parou. Fez filmes, novelas, estreou um programa de entrevistas na TV. A Velha Sentada começou a nascer em 2003, um ano depois que Lázaro fez, com Karim Aïnouz, um filme cult da Retomada do cinema brasileiro - Madame Satã. No início, era para ser o roteiro de uma peça infantil.Logo na abertura de A Velha Sentada - na segunda página, mais exatamente -, o narrador observa que Edith é uma criança que não conseguiu ter nome de criança. Criança, em geral, tem nome fácil para virar apelido, mas Edith já é nome de gente adulta. Foi mais ou menos o que sentenciou a vizinha fofoqueira. Para Dona Dulce, Edith era uma criança tão desanimada que parecia uma velha sentada. E Dona Dulce foi mais longe - será que Edith tinha uma velha sentada na cabeça?Edith vive alheia ao mundo. Não brinca, não se relaciona, tem olhos somente para o seu computador. Do alto de seus 9 aninhos, ela começa a achar que Dona Dulce pode ter razão e que talvez tenha mesmo uma velha sentada na cabeça. Ao partir em busca dela, Edith viaja para dentro de si mesma. Por meio dela, Lázaro Ramos talvez esteja exorcizando a função do ator. Ele pode não ser uma criança, mas sua atividade é lúdica - fingimento, segundo Fernando Pessoa - e nos vários personagens que cria o ator põe um pouco, ou muito de si. Ele diz que escreveu o livro com uma preocupação didática, pensando no menino que foi - e que não se identificava com as histórias que lia.

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