Lara Flynn Boyle, entre homens de preto

Ela conta como foi atuar ao lado de Will Smith e Tommy Lee Jones em Homens de Preto 2, que chega às videolocadoras brasileiras nesta quarta-feira, em DVD e VHS

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Por Agencia Estado
Atualização:

Lançada por David Lynch, na série Twin Peaks, Lara Flynn Boyle costumava ser avessa aos blockbusters. Foi assim até a atriz mais conhecida pelas performances em Felicidade, O Despertar do Desejo e Equinox pisar no set de Homens de Preto 2, que chega às videolocadoras brasileiras nesta quarta-feira, em DVD e VHS. ?Quanto maior a produção, mais alto o cachê e mais mordomias no set. Com uma equipe de maquiagem só para mim e um excelente serviço de buffet, eu me senti como se estivesse em uma festa.?? Nessa superprodução de US$ 97 milhões, em que Tommy Lee Jones e Will Smith tentam mais uma vez salvar a humanidade da ameaça alienígena, Lara foi escalada para interpretar a vilã da história, Serleena. Fisicamente, sua personagem é o que a atriz define como o ?resultado do cruzamento de uma água-viva com uma alcachofra??. Para se disfarçar na Terra, no entanto, a extraterrestre empresta o corpo de uma modelo fotografada de lingerie para uma revista de moda. ?Foi divertido bancar a top da Victoria Secret. Quando vejo os catálogos da marca, sempre penso que aquelas mulheres não existem. Se existirem, nunca quero encontrá-las??, brinca. Ex-namorada de Jack Nicholson, a atriz de 32 anos se gaba de nunca ter tirado proveito do envolvimento com homens famosos para atingir posição mais elevada em Hollywood. Ela teve relacionamentos longos com os atores David Spade e Kyle MacLachlan, além de romances-relâmpago com Harrison Ford e Bruce Willis. ?Nunca precisei me aproveitar disso. Seria tão imperdoável quanto ir para a cama com um diretor para conseguir um papel.?? Leia, a seguir os principais trechos da entrevista que Lara concedeu à Agência Estado, em Nova York. Você geralmente é convidada para viver a mulher sensual nas telas. Como foi passar de diva à vilã? Eu adorei. Dá uma sensação boa ser má, nem que seja só na ficção. Ser diva é chato. Você faz muito pouco, além de ser deixar admirar. Os vilões sempre são premiados com as melhores falas do roteiro. E os melhores figurinos também. Guardei todos os acessórios da minha personagem, incluindo os tentáculos, para usar em festas à fantasia. Como Will Smith e Tommy Lee Jones te receberam? Jones parece intimidar os atores com quem contracena. Não me senti uma intrusa, apesar de Will e Tommy já estarem em sintonia, ao resgatarem a vibração do filme anterior. Eu entrei rapidamente no espírito. É um engano pensar que astros do porte deles são difíceis de lidar no set. Eles são justamente os que não têm a preocupação ou medo de serem ofuscados. O difícil é trabalhar com atores medianos. Como é contracenar com ?atores?? invisíveis, gerados apenas no computador? Como eu ainda não havia trabalhado em blockbuster com efeitos especiais, foi muito divertido. Após ver a foto do monstro com quem você supostamente está dividindo a cena, você precisa soltar a imaginação e se deixar levar. Como se estivesse mesmo vendo um alienígena com três olhos. Sentir na pele os efeitos também foi novidade para mim. Adorei a cena em que minha personagem engole um homem vivo e aparece com uma barriga enorme. Com todo aquele enchimento, eu tive uma pequena mostra de como me sentirei grávida. É estranho olhar para baixo e não conseguir ver os pés (risos). ?Homens de Preto 2?? destoa em sua filmografia por ser um blockbuster... O público se acostumou a me ver em produções independentes. O que não significa que não poderei surpreendê-lo de vez em quando. Aqui não só tive a chance de experimentar uma superprodução como de trabalhar com o diretor Barry Sonnenfeld, que eu admiro por seu humor corrosivo. Eu sempre levo em conta quem é o diretor antes de dizer sim. Não se sente frustrada por ter feito tantos filmes que poucas pessoas viram? Não. Nós, atores, queremos atenção. É verdade. No meu caso, no entanto, sempre me senti mais atraída por projetos menos comerciais. Quando o cineasta Alan Rudolph me convidou para atuar em ?Equinox??, por exemplo, foi direto. Disse: ?Você não vai fazer dinheiro nenhum com esse filme, ninguém vai assistir e as críticas serão terríveis. Mas te garanto que o processo será extraordinário??. E foi. Como avalia, doze anos depois, a experiência na série ?Twin Peaks??, no papel de Donna Hayward, a melhor amiga de Laura Palmer? David Lynch foi incrível ao me escalar para a série, que se tornou um cult. Infelizmente nunca consegui agradecê-lo pelo que ele fez por mim. Foi a minha grande chance, ainda que na época eu não tivesse consciência disso. Antes de ?Twin Peaks??, eu já tinha atuado na televisão (na minissérie ?Amerika??) e no cinema (?Poltergeist 3?? e ?A Sociedade dos Poetas Mortos??), mas ninguém me conhecia. Precisava de um empurrãozinho para sair do anonimato. Como concilia o cinema com o papel da advogada Helen Gamble na série ?O Desafio?? (exibida no Brasil pelo canal Fox)? Eu procuro fazer filmes durantes os hiatos do seriado. Do contrário, não conseguiria conciliar. O público não imagina quanto trabalho dá fazer uma série com episódios de uma hora por semana. O ritmo é muito mais intenso que no cinema. Lemos o texto, ensaiamos e rodamos. Quase não há tempo ocioso. No set de Homens de Preto 2, cheguei a ficar seis ou sete horas sem fazer nada. Isso jamais aconteceria em um estúdio de TV. O que fazia para matar o tempo? Eu falava no telefone ou lia. Como sou disléxica, tenho dificuldade para ler. Mas continuo insistinto. Desde que ingressei no elenco de O Desafio, minha leitura está voltada principalmente aos assuntos jurídicos. Leio desde romances policiais até livros sobre direito criminal. Os de direito criminal são os mais pesados. Nos dois sentidos (risos).

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