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Lara favaretto e sua ode à decadência

Por KASSEL
Atualização:

Uma instigante seção da Documenta 13 está na estação de trem Hauptbahnhof de Kassel. Vale a pena ir até lá para ver, principalmente, os trabalhos do sul-africano William Kentridge, o site specific da canadense Janet Cardiff, feito em parceria com Georges Bures Miller, o filme-instalação do alemão Clemens von Wedemeyer, o Monumento Momentâneo da italiana Lara Favaretto, monumental ação escultórica com detritos ferroviários, e a obra sonora da escocesa Susan Philipsz, em que melodias de violoncelo são reproduzidas em plataformas da Hauptbahnhof, construção do século 19.Janet e Miller criaram a mais genuína expressão de site specific com Alter Bahnhof Video Walk. Os visitantes recebem iphones com fones de ouvido que reproduzem vídeo em que se vê a artista na estação de trem explicando seu trabalho. A obra provoca uma dupla sensação - o espectador sente-se induzido a acompanhar os passos de Janet pelo lugar e a misturar-se à atmosfera misteriosa e sutil. Numa das suas falas, a artista diz que seu pai tem Alzheimer e que sente que a Alemanha tem algo dessa doença também: vive rodeada dos fantasmas do passado nazista.Já no filme instalação Muster, de Clemens von Wedemeyer, é a história de Kassel que se torna o tema. Três filmes simultâneos, projetados num dos galpões da estação, falam do passado nazista da cidade alemã e da reverberação desse fato para a atualidade. A recriação histórica de um grupo de jovens habitantes de Kassel que não se alinhavam ao nazismo, mas que foram obrigados a cometer assassinatos, é forte e explicita um foco de resistência. No mesmo galpão, o trio poesia-ficção-ciência, que a curadora da Documenta 13 afirmou ser um dos grandes interesses de seu projeto para a mostra, se funde na sala com as projeções de filmes simultâneos de Kentridge, The Refusal of Time, de 2012. Uma narrativa delicada e contundente sobre o racismo. / C.M.

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