PUBLICIDADE

Lançamentos subvertem contos de fadas

Por Agencia Estado
Atualização:

Quatro anos depois do primeiro Que História É Essa?, que vendeu mais de 20 mil exemplares, o escritor e dramaturgo Flavio de Souza está de volta com Que História É Essa? 2, (Companhia das Letrinhas, 80 págs., R$ 24 00). A idéia é a mesma: subverter os contos de fadas, recontá-los sob a ótica de novos personagens, embaralhá-los de maneira lúdica de forma a ganharem viço. Chapeuzinho Vermelho ganha uma irmã, aparece o quarto porquinho e assim por diante. "Foi lendo Monteiro Lobato que aprendi que você pode pegar uma história e contar do jeito que quiser, usando personagens de outras histórias e misturando com personagens novos e mudando de repente de assunto e fazendo o que der vontade e passando por cima de regras e...", escreve Flavio de Souza em seu novo livro. À reportagem, ele explica por que sempre volta aos contos de fadas: "O que a gente escreve para crianças não pode ser muito contemporâneo, porque se perde o distanciamento necessário, já que o leitor mirim gosta de saber que tudo se passou há muito tempo, isso lhe confere segurança". Desta vez, Flavio de Souza recheou Que História É Essa? de piadinhas à moda antiga e de capítulos de apoio, com personagens de contos que "quase" ninguém conhece. Outro lançamento hilariante, dessa mesma linha de revolucionar o "Era uma vez" para melhor aproveitá-lo, é Tem um Cabelo na Minha Terra! - Uma História de Minhoca (Companhia das Letrinhas, 64 págs., R$ 19,50). O cartunista Gary Larson, o autor, é um verdadeiro humorista fissurado pelos temas das ciências biológicas. Aqui, ele conta a história de uma família de minhocas, a partir de um escândalo na sala de jantar: o filho descobre um fio de cabelo louro em seu prato de comida, quer dizer, em seu prato de terra. De forma engraçadíssima, com um humor duro e cruel, Larson relaciona esse incidente com a história da princesa Benedita, uma típica boba-alegre, daquelas personagens que acham a vida bela, a natureza sábia e o universo sem conflitos. O livro desmascara a ingenuidade das princesinhas com crueza. Rejeição - As pequenas causas têm grandes efeitos. Essa é a lição de moral que encerra o livro O Anão Narigão (Ática, 48 págs., R$ 11,60), conto clássico do alemão Wilhelm Hauff, que morreu antes de completar 25 anos, em 1827, deixando obras que somam mais de 30 títulos diferentes. Ao contrário do humor desbragado dos dois lançamentos citados anteriormente, esta narrativa de Hauff, com tradução de Ruth Salles, tem a força das histórias bem contadas. Um menino belo e saudável é enfeitiçado por uma velha sinistra e vira um terrível anão, repelido e desprezado pelos própios pais e alvo de zombaria de toda a cidade. É uma história pesada de sofrimento e rejeição, que fisga a criança do começo ao fim. Hauff vai fundo na mentalidade pequeno-burguesa da época em que viveu e faz o leitor de todas as idades lidar com o lado obscuro da natureza humana. Imperdível.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.