Lacroix vem futurista e Givenchy, retrô

Nos desfiles de Paris, Christian Lacroix mostra novas possibilidades, investindo no patchwork, nas cores elétricas, enquanto a moda de Givenchy aposta na elegância e sobriedade das raízes da alta costura

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Por Agencia Estado
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Se os boatos se confirmarem, o estilista galês Julien Macdonald não terá seu contrato, que se encerra em abril, renovado com a grife Givenchy. Se isso for verdade, ele, porém, se despediu em grande estilo da Semana de Alta Costura da capital francesa, na terça-feira, com a coleção feita para a casa que vestiu Audrey Hepburn. Os tempos, é verdade, mudaram. Não é mais a estrela de Bonequinha de Luxo que recebe os convidados no quartel general da Givenchy. Foi substituída pela atriz Liv Tyler. Mas, no que diz respeito à coleção de Macdonald houve, na verdade, uma volta ao passado. Ele deixou de lado seu costume de vestir pop stars com modelos reveladores e optou por seguir a linha mais conservadora que caracteriza a Givenchy e seus clientes. Seu desfile foi marcado pela elegância e o refinamento. A modelo italiana Maria Carla Boscone era a imagem da elegância em um vestido com laço no pescoço em tons de preto e pêssego. Um casaco de renda em bege claro revela um vestido bailarina em tule pregueado, enquanto mais laços são usados para produzir um efeito de penas em uma saia cinza claro presa com um laço negro de seda e cetim. Macdonald opta por um retorno às raízes da alta costura: são todos vestidos de corte impecável, quase recatados demais, em cores sóbrias que são alegradas pelos detalhes, encaixes, bordados e elegantes camadas de gotas de cristal. Já para Christian Lacroix, nada de sobriedade. Em suas criações, também apresentadas na terça-feira, o estilista francês também quis demostrar que a alta-costura ?está em forma?, ?a energia presente no trabalho de nossas costureiras?. Mas afirmou que seu desfile ?não é uma defesa, mas, sim um ataque?. O estilista mostra que tem humor para dar, vender e emprestar. Mescla uma série de referências que permitem a união de um modelo inspirado nas cortes do século 18 com uma jaqueta inspirada no Deserto do Sahara. E ele abusa nas cores, brilhantes: azul elétrico, amarelo, rosa fluorescente, etc. Sozinhas ou combinadas com o preto e o branco, elas saltam aos olhos do público que respondeu entusiasmado, aplaudindo de pé ? o que não é comum em desfiles como esses. Nas estampas, a mesma vontade de impressionar: imagens de pássaros, flores turquesas, tafetá branco, peças jeans. E a coisa continua: roupas inspiradas em fantasias de Arlequim, ou vestidos negros iluminados por bordados dourados. Para Cathy Horyn, especialista do jornal The New York Times, o desfile de Lacroix teve como pano de fundo uma nova imagem da mulher, não apenas a da força ? já que, nos tempos modernos, esse é um dos principais atributos que se espera delas. Lacroix expôs uma gama mais ampla de emoções. Sugeriu personalidades extrovertidas, com um casaco de patchwork que, ao ser aberto, revela um mini-vestido de laço branco, usado com meias de cores esfuziantes.

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