
22 de maio de 2013 | 10h34
Sorrentino está de novo na competição com La Grande Bellezza. O filme desconcerta, causa estranhamento, mas uma vez que o espectador viaja em suas imagens as coisas começam a fazer sentido e Bellezza vira uma experiência enriquecedora. Sorrentino, de alguma forma, fez a sua versão de A Doce Vida para os anos 2000. Servillo faz um escritor que se converte em jornalista, como Marcello Mastroianni no clássico de Federico Fellini.
Ele escreveu um único livro - considerado grande. Virou celebridade, frequenta os ricos e poderosos. E faz entrevistas para uma revista de prestígio. O filme abre-se numa festa e as figuras são tão bizarras que parecem saídas de algum painel felliniano sobre a decadência do mundo contemporâneo. Uma festa no início, outra no final, um cardeal, um suicídio, um strip-tease. Sorrentino parece ter-se aplicado em reinventar Fellini.
Dito assim, parece que a reflexão de La Grande Bellezza é de segunda mão. Não é. Há uma angústia genuína, um cinismo devorador - e Servillo é, como sempre, extraordinário. E há esse personagem de intelectual suicida que expressa a malaise, fazendo a ponte possível entre Albert Camus e o tempo perdido de Marcel Proust. Um regalo no filme é a presença de Serena Grandi, estrela dos filmes, no limite da pornografia, de Tinto Brass.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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