SÃO PAULO - O ator e dramaturgo Gero Camilo leva ao palco do Itaú Cultural, a partir desta quinta-feira, 26, seu texto inédito Lá Fora Vai Estar Chovendo Sempre. As apresentações mostram o processo de criação da peça, que passará por ajustes paralelamente às sessões. Com direção de Cristiane Paoli-Quito, o espetáculo tem sua estreia oficial marcada para 2010.
Gero explica que, durante os quatro dias, a plateia deve se preparar para ver em cena uma linguagem que está sendo construída. "Ainda é uma ferida aberta. Temos uma estrutura, mas atuação e cenário estarão em experimentação", diz Gero.
A narrativa traz uma família que vive em uma cidade, onde inexplicavelmente chove sem parar há cinco anos. Por sorte, a casa feita em cima de um cemitério de pneus flua. Além do drama da sobrevivência, um jovem, um velho, uma criança e uma mulher esperam a volta do pai, que saiu um dia para arrumar a antena da televisão e sumiu. "Demorei cinco anos para escrever essa peça. O acontecimento é surreal, o que proporciona muitas possibilidades."
A história ganha um novo elemento com a chegada de um estrangeiro. Em pouco tempo, os outros moradores aprendem a falar o idioma do homem e passam a se comunicar de uma forma ininteligível. A partir daí, é preciso acompanhar os acontecimentos pela sonoridade das falas e gestos dos atores. "Minha ideia é discutir a célula-base da sociedade que é a família. O argumento é centrado nos princípios morais para que essas pessoas não se devorem."
Para acolher o drama, Marisa Bentivegna criou uma casa-plataforma colocada sobre pneus, que a deixam em constante movimento. No elenco, além de Gero, estão Cristiano Karnas, Gustavo Machado, Marat Descartes, Paula Cohen e Tatiana Thomé.
O cearense Gero, de 39 anos, também é autor dos textos Procissão, Café com Torrada, Elo e as Peras e Aldeotas, que esteve em cartaz neste ano, com Caco Ciocler.
Lá Fora Vai Estar Chovendo Sempre é a terceira peça a ser escalada pelo Itaú Cultural para experimentar no palco. "É para estudar, fazer e refazer. Aqui, cada sessão pode ter um final diferente", diz Sonia Sobral, gerente do Núcleo de Artes Cênicas do Instituto. Em 2010, o diretor Renato Borghi participará do projeto com a peça Admirável Mundo Novo.