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Naquela zona etílico-filosófica que precede as grandes sacadas e as grandes ressacas, não poderiam dizer se já tinham passado pela fase da cachaça pura, rumo à fase dos chopes

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Por Luis Fernando Verissimo
Atualização:

Estavam naquela zona etílico-filosófica que precede as grandes sacadas e as grandes ressacas. Não poderiam dizer se já tinham passado pela fase da cachaça pura, rumo à fase dos chopes. O importante era manter a linha.

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– Obrigado por ontem, hein cara? – O que que houve ontem? – Você me levou em casa no seu carro. – Eu? Impossível. – Por quê? – Eu não tenho carro. – Tem certeza que era eu? – A esta altura, não tenho certeza que era EU! – Sua mulher não estranhou você chegar tarde em casa?  – Não, não. Aliás, nem podia. Eu não tenho mulher. – Alemão, mais uma rodada disso que nós estamos tomando, seja o que for. * Um pouco depois – ou antes, nessas situações a cronologia é o que mais sofre – a conversa derivou naturalmente para o monte Everest.

– Quem foi que disse aquela frase genial? – Que frase? – Perguntaram pro cara por que ele tinha subido o monte Everest e ele pimba, respondeu na lata. Quem era o cara? – A frase dele foi uma explicação sobre o que leva as pessoas a subir no Everest mesmo com o risco de morte. O que leva qualquer um a desafiar os perigos de uma assunção, ascensão... Acho que estou ficando bêbado. – Hillary! Me lembrei. – Não acredito que a senhora Clinton... – Senhora Clinton não. Edmund Hillary. Foi o autor da frase. – Espera aí. Também estou me lembrando! O autor da frase foi George Mallory, que morreu tentando escalar o pico do Everest e desapareceu para sempre. – E o que ele disse quando lhe perguntaram por que as pessoas escalam o Everest? – “Porque ele está lá”.  – Cumé? – “Porque ele está lá”. Não é genial? – Minha vó também está lá, o que não me dá nenhuma vontade de pular nas suas costas. – É. Um pouco inglês demais pra gente. – Alemão, mais uma rodada! 

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