PUBLICIDADE

Kirov Ballet anuncia turnê de inverno no Brasil

Mais importante companhia de dança clássica volta ao País no mês que vem para apresentações em São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Brasília e Recife

Por Agencia Estado
Atualização:

Hoje, eles dançam Manon no Covent Garden, em Londres, e amanhã, O Corsário, duas das coreografias que vão trazer ao Brasil na sua próxima turnê, que começa daqui a cinco semanas. Cinco anos depois de impressionar com O Lago dos Cisnes e Dom Quixote e três anos depois de voltar ao Brasil com La Bayadère e Giselle, o Ballet Kirov retorna com as mesmas coreografias que está apresentando na temporada londrina e com a reapresentação da sua jóia mais popular, O Lago dos Cisnes, apenas em São Paulo. Como das outras duas vezes, haverá também aquele programa batizado como Gala, uma espécie de picadinho com trechos dos balés. A sessão é própria para os que se interessam somente em confirmar de onde vem a fama desses russos. A primeira apresentação será no dia 27 de julho, quando a companhia encerra o Festival de Inverno de Campos de Jordão, justamente com a Gala. De lá, a companhia segue para o Teatro Municipal do Rio para dançar Manon (1.º e 2 de agosto, 20h30), Gala (dia 3) e O Corsário (dia 4, às 21 h, e dia 5, às 17 h). Belo Horizonte verá O Corsário (dias 8 e 9, às 21 h), Manon (dias 10 e 11 , às 21 h) e a Gala no dia 12 (horário a confirmar), no Palácio das Artes. Em Brasília, na Sala Villa-Lobos, somente Manon (de 14 a 16 de agosto, às 20h30) e no Teatro Guararapes, em Recife, apenas o programa Gala (dias 19 e 20). Em São Paulo, no Credicard Hall, o Corsário (dia 23, às 21h30; dias 24 e 25, às 22 h), Gala (dia 26, às 17 h) e O Lago dos Cisnes (dia 30, às 21h30; 31 de agosto e 1.º de setembro, às 22 h; e dia 2, às 17 h). No meio da temporada paulistana, talvez eles viajem a Porto Alegre, para dançar a Gala no Teatro do Sesi, no dia 28. Para nós, que não temos companhias especializadas nisso, é sempre um luxo poder assistir a balés completos com quem construiu sua fama exatamente pela qualidade com que os encena. E avaliar, por intermédio das interpretações de algumas de suas atuais estrelas, se a lenda que os cerca ainda tem fôlego para durar. No corpo da companhia, em meio a tantos sobrenomes que, a princípio, podem confundir, destaca-se Igor Zelensky, o mais célebre deles, que desde 1994 é solista principal no New York City Ballet, companhia que o projetou como um dos mais importantes bailarinos clássicos do mundo. A fama de Farouk Ruzimatov também alcançou o Ocidente, depois de consolidá-lo como o principal nome masculino do elenco. E há também as excelentes Maya Dumchenko, Uliana Lopatikina, Yulia Makhalina e Diana Vishneva, além de Viktor Baranov, Andrei Iakovlev, Yevgeny Ivanchenko e Vyacheslav Samodurov. Fama - No século 20, a fama especial desses bailarinos russos começou a ser construída em 1909, com os Balés Russos de Diaghilev, oportunidade para que o mundo inteiro descobrisse que a formação de talentos como Nijinsky, Ana Pavlova e Tamara Karsavina vinha do mesmo endereço. Essa escola, que se tornou a referência inconteste de refinamento e da tradição, tem uma história que remonta a 1738, quando a imperatriz Anna Ivanovna mandou criar uma Escola Imperial de Dança e trouxe o francês Jean-Baptiste Landé para dirigi-la. Nascia aí, dedicada aos filhos dos serviçais do palácio, aquela que se tornaria a Vaganova Dance Academy, selo de distinção do balé clássico no mundo. Em 1783, Catarina, a Grande inaugurava o Grande Teatro de Pedro, em São Petersburgo, construído em pedra, bem na frente de um circo muito popular. Em 1847, decidiu-se que esse circo também deveria ser substituído por uma nova versão, em pedra, que acabou destruída por um incêndio, em 1859. Albert Cavos, seu arquiteto, foi novamente convocado para erguer lá, naquele mesmo local, um teatro. Aí, no Teatro Maryinsky (para homenagear Marie, a esposa do tsar Alexandre II), mora, ainda hoje, o Kirov. O nome Kirov, uma homenagem ao lider comunista Serguei Kirov, caiu em desgraça com o comunismo, e Maryinsky voltou a ser a denominação oficial, tanto do teatro quanto da companhia, assim como a cidade deixou de ser Leningrado e voltou a ser São Petersburgo. O nome Kirov ficou restrito a algumas turnês internacionais, por razões comerciais. Ingredientes - Trazido para o Brasil novamente pela Dell´Arte, o Kirov vem com um grupo de 260 bailarinos para reafirmar por que tradição, escola e dinheiro são ingredientes indispensáveis para os que desejam fazer dos balés de repertório o seu produto. Quando o seu corpo de baile ocupa o palco, fica claro o papel que uma escola tem na formação de um elenco, e não somente na de suas estrelas. Um verdadeiro corpo de baile nasce da familiaridade compartilhada e isso vem da escola. Embora a dele peça por uma revisão, pois foi consolidada no método Vaganova nos anos 30, e o balé clássico já se transformou, ainda se impõe. Dirigida por Makhar Vaziev, a companhia enfrenta o desafio de manter a aura que faz com que, no mundo inteiro, suas platéias continuem lotadas e entusiasmadas.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.