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Kazan, Kubrick, Nino Rota e os outros

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Ainda é pouco para o que costuma ser o gigantismo da Mostra de São Paulo, com suas centenas de atrações, mas preste atenção nessa primeira lista de filmes confirmados - Low Life, de Nicolas Klotz; Once Upon a Time in Anatolia, de Nuri Bilge Ceylan; L"Illusion Comique, de Mathieu Amalric; e o documentário em 3 D de Werner Herzog, Cave of Forgotten Dreams. Esse último, você pode anotar para depois conferir (e cobrar), é uma obra-prima.A exemplo de Cannes, que criou a seção Cannes Classics só para exibir clássicos restaurados, a 35.ª Mostra anuncia uma impressionante seleção de títulos que fazem parte da história do cinema. Laranja Mecânica, de Stanley Kubrick, que comemora 40 anos; Táxi Driver, Motorista de Táxi, de Martin Scorsese; e três filmes italianos míticos - O Leopardo, de Luchino Visconti; A Doce Vida, de Federico Fellini; e 1900, de Bernardo Bertolucci. Os dois primeiros integram as comemorações do centenário de Nino Rota, que assina as trilhas de ambos.Na sequência do admirável documentário de Martin Scorsese sobre Elia Kazan, a Mostra anuncia uma retrospectiva com dez filmes do grande diretor. Para apresentá-la, virá a São Paulo a viúva do artista, Frances Kazan. Outro evento de porte será a exposição de Sergei Paradjanov, com obras expostas no Masp e uma retrospectiva parcial de seus filmes. O diretor da Georgia, filho de armênios, foi revelado no Brasil pela Mostra. Personalidade controversa - foi preso por homossexualismo, tráfico de ícones e especulação -, Paradjanov provocaria discussões, de todo jeito, por filmes como Cavalos de Fogo, que transpõe Romeu e Julieta para os Cárpatos.Entre os convidados confirmados, Atom Egoyan, integrante do júri internacional, ministrará um workshop. Jan Harland, cunhado e produtor de Stanley Kubrick, também dará uma master class sobre seu trabalho com o diretor.MOSTRA SP/35 ANOSCriada em 1977 para celebrar os 30 anos do Masp, Museu de Arte de São Paulo, a Mostra é uma realização do crítico Leon Cakoff, que há anos divide a seleção com sua mulher, Renata de Almeida. A primeira edição apresentou 16 longas e sete curtas, representando 17 países. Hoje, a Mostra, que completa 35 anos, multiplica estes números por 30, ou 40. Mais importante que o tamanho é a mudança de mentalidade que operou no cinéfilo brasileiro.

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