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Jusidman expõe abordagem analítica da loucura

Por Agencia Estado
Atualização:

Foi com base em fotografias de pacientes de um hospital psiquiátrico que o mexicano Yishai Jusidman criou os trabalhos em diferentes suportes que mostra a partir desta quinta-feira, para convidados, na Galeria Camargo Vilaça, em São Paulo. As versões para os retratos transformados em pinturas, tapetes e diferentes tipos de impressão sobre tela sintética ou poliéster tratam da antiga relação entre a pintura e a loucura. No andar de cima, o carioca Mauricio Ruiz apresenta sua série recente de objetos em gesso. O primeiro conjunto que o espectador vê quando entra na galeria é a série que mais se aproxima das imagens que originaram a exposição do artista mexicano. São dípticos compostos por superfícies em que estão sobrepostos os retratos originais dos pacientes e as pinturas que o artista realizou a partir dessas fotografias. Ao lado dessas telas, Jusidman instalou quadros menores com a descrição médica dos distúrbios dos fotografados. "Não é mais o caso de tratar com sentimentalismo a relação entre a pintura e a loucura", observa ele, que está expondo outra parte da série no Centro de La Imagem, na Cidade do México. "Por isso optei por essa abordagem mais analítica", continua Jusidman, referindo-se à descrição científica das doenças de seus retratados e à decomposição das imagens, depois reconstruídas nas duas instalações de tapetes e em dois grandes painéis plásticos. Barroco - No mezanino, Ruiz mostra sete peças de sua série Projeto´ 00. São esculturas construídas a partir de moldes de gesso branco de origem popular ou religiosa, que o artista transfigura e recobre com uma tinta verde, conferindo às peças um aspecto musguento. O efeito transmite ao mesmo tempo a idéia de acúmulo de tempo e de umidade. As peças de Ruiz contêm referências ao barroco. Primeiro pela utilização de bases de santos, cabeças de anjos e outros tipos de imagens religiosas encontradas em bazares, mas que trazem resquícios da escola artística. Depois, pelo contraste proposto pelos objetos de outras naturezas comprados por ele, como gatinhos, cachorrinhos, flores e outros tipos de bibelôs infantis. Objetos esses, que convivem em um ambiente agressivo erótico criado por Ruiz, em um contraste presente em seu trabalho desde 1997. "Mas sinto que as criações estão maiores e mais ligados ao chão", acrescenta o artista, que, entretanto, manteve três das peças penduradas e duas encostadas nas paredes do mezanino. Maurício Ruiz e Yishai Jusidman - De segunda a sexta, das 10 às 19 horas; sábado, até 14 horas. Galeria Camargo Vilaça. Rua Fradique Coutinho, 1.500, tel. 210-7066. Até 29/7.

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