Juntos, Lelé e Herzog

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Por Redação
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O suíço Jacques Herzog e o lendário arquiteto brasileiro João Filgueiras Lima, o Lelé, juntaram-se na última quarta-feira no Auditório Ibirapuera, para uma aula aberta. O encontro, promovido pelo Arq.Futuro, fez-se memorável ao colocar lado a lado dois profissionais de gerações, nacionalidades e trajetórias distintas; e por ter dado ao público a chance de ouvir de Lelé o relato sobre uma arquitetura que se desenrola longe dos holofotes e perto do canteiro de obras. Abaixo, o relato do encontro emocionante, feito por Marisa Moreira Salles e Tomas Alvim, sócios da Bei Editora e organizadores do evento:"Lelé, aos 80 anos, parecia frágil ao subir ao palco. Exibia um curativo na testa, resultado de uma queda recente. Mas não precisou de esforço para prender a atenção dos jovens da plateia, mostrando projetos que desenvolveu ao longo de mais de cinco décadas. O que se viu não foi o culto da forma e da beleza, mas da essência. Lelé se voltou, desde sempre, para a infraestrutura básica, desenhando casas populares, escolas, pontos de ônibus, calçadas, canais de esgoto. Os hospitais da rede Sarah, para os quais desenhou até mesmo leitos e equipamentos, inscrevem-se entre os mais notáveis exemplos de arquitetura social no País. Para descobrir respostas rápidas e baratas para questões sociais prementes, aprofundou-se na pesquisa de tecnologias. Assim mostrou à plateia as soluções sobre as quais ergueu sua arquitetura: pré-fabricação, o uso da argamassa, iluminação e ventilação naturais, isso muito antes que a palavra 'sustentabilidade' se incorporasse ao vocabulário arquitetônico. Com Oscar Niemeyer e Lúcio Costa, Lelé trabalhou no projeto de Brasília; não recebeu, como eles, a atenção do grande público, nem foi alçado ao posto de estrela em sua área. Jacques Herzog, que talvez se encaixe melhor no perfil de uma estrela internacional da arquitetura, dirigiu-se com reverência ao mestre brasileiro. O mesmo aconteceu com os presentes, inclusive estudantes que cercaram Lelé ao fim da palestra. Com todos houve uma conversa, um autógrafo, um desenho."

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