PUBLICIDADE

Judith Butler: 'O mundo que os conservadores querem destruir é muito poderoso'

Em vídeo, a filósofa americana comenta o incômodo que a discussão da questão de gênero causa; veja

Foto do author Maria Fernanda Rodrigues
Por Maria Fernanda Rodrigues
Atualização:

De passagem pelo Brasil para o lançamento de Caminhos Divergentes (Boitempo) e para participar do seminário Os Fins da Democracia, a filósofa americana Judith Butler foi hostilizada por outra área de interesse e pesquisa: a questão de gênero.

'Nosso lado é o lado da maior aceitação, da maior compreensão', diz a filósofa Foto: Redução YouTube

PUBLICIDADE

Um abaixo-assinado pedindo o cancelamento de sua participação no evento realizado no Sesc Pompeia reuniu mais de 350 mil assinaturas, embora ela acredite que muitas dessas assinaturas tenham sido feitas por robôs. 

Na abertura do encontro, grupos pró e contra a filósofa tentavam defender seu ponto de vista. Um boneco em tamanho real que trazia a imagem de Butler no rosto foi queimado. A maior parte dos dizeres dos cartazes defendia a proteção das crianças brasileiras.

A filósofa gravou um vídeo para responder à seguinte questão: ‘Por que falar de gênero incomoda?’ O assunto foi tratado, também, em entrevista concedida ao Estado e publicada na segunda-feira, 6, no Caderno 2.

No vídeo de seis minutos, disponível no canal da Boitempo no YouTube desde a noite desta quarta-feira, 8, ela diz que “o mundo que os conservadores querem destruir, o mundo gay e lésbico, o mundo trans, o mundo feminista, já é muito poderoso”. Ela acredita que esse mundo não será destruído. “E eles sabem que não apenas é muito poderoso, como está se tornando mais aceito, e quanto mais aceito é, mais com raiva eles ficam”, completa.

Ela fala sobre as razões religiosas e políticas para uma visão mais conservadora acerca da identidade de gênero, sobre o papel da mulher e do homem na sociedade e sobre liberdade.

+ ‘Ódio e censura são baseados no medo', diz Judith Butler ao 'Estado'

Publicidade

E completa: “O que vemos agora, nesse conservadorismo sexual contemporâneo, ou o que podemos entender como política sexual reacionária, é um esforço para nos levar de volta a um mundo que nunca mais voltará. E é nisso que eu acredito. Não devemos nos preocupar com a reversão de todos os nossos passos. Eles estão tentando, mas não vão ganhar porque nosso lado é o lado da maior aceitação, da maior compreensão, e oferece mais reconhecimento a mais pessoas, e as pessoas querem viver com liberdade, querem viver com alegria. Elas não querem viver com vergonha e com censura. Então, nós temos alegria e liberdade do nosso lado, e é por isso que ao final vamos vencer."

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.