06 de abril de 2011 | 10h02
Figueiredo resolveu contar essa história tomando como ponto de partida uma enorme pepita, do tamanho de um melão, pesando pouco mais de 20 quilos, provavelmente a maior extraída no Brasil no período da corrida do ouro (1697-1810). O rush dourado fez a riqueza e, ao mesmo tempo, a desgraça de muitos que se aventuraram pelas matas em busca do metal, enfrentando índios canibais, febre, fome e, principalmente, a ganância da Coroa, que puniu o sonho de riqueza instantânea com impostos altos e até o confisco. Cansada de ser enganada pelos mineradores, a Coroa apertou o cerco e, em 1763, aplicou um instrumento de cobrança: quem não cumprisse a cota exigida, pagava com violência e prisão.
Voltando à história da pepita, ela foi levada para Portugal, trazida de volta e mais uma vez trancada nos cofres reais portugueses. O torrão só seria exposto pela primeira vez em 1991, desmentindo os boatos de que teria sido roubado pelas tropas napoleônicas após a invasão da capital portuguesa. Mais de 20 mil visitantes o viram antes que ele voltasse ao lugar de origem. Até meados do ano passado outras joias da Coroa - peças de ourivesaria fabricadas na França com ouro brasileiro - permaneciam distantes do olhar público, segundo o autor.
Nascido como uma pauta especial do jornal O Estado de Minas, que queria saber onde estava o ouro extraído no Brasil, o livro "Boa Ventura!" mostra como monarcas perdulários e sonegadores de impostos ajudaram involuntariamente a transformar uma colônia raquítica de 300 mil habitantes numa Eldorado de aventureiros seduzidos pelo ouro. Figueiredo, pesquisando em fontes primárias, desvendou ainda o mito do Sabarabuçu, lendária montanha de ouro - ou um lago dourado, de acordo com alguns cronistas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Boa Ventura! - Editora: Record (368 págs., R$ 39,90). Sempre um Papo. Sesc Vila Mariana (Rua Pelotas 141). Tel. (011) 5080-3000. Hoje, às 20 h. Entrada gratuita.
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