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Jornalista lança livro sobre o chavão na imprensa

Por Agencia Estado
Atualização:

Apanhado com a boca na botija, o jornalista Claudio Julio Tognolli não quis mais embaralhar o jogo e resolveu abrir as comportas de sua própria tese, tirando do bolso do colete a pedra fundamental de um trabalho insano: o livro A Sociedade dos Chavões (Escrituras Editora, 245 páginas, R$ 13). O texto acima apropria-se de nada menos que seis chavões que são usados cotidianamente pelos meios de comunicação e foram coletados com método e argúcia pelo jornalista Tognolli, 38 anos, ex-repórter da Folha de S.Paulo, Jornal da Tarde, Rádio CBN, Notícias Populares e atual repórter especial da rádio Jovem Pan e professor na FIAM. A Sociedade dos Chavões começou a ser gestado quando Tognolli trabalhou na revista Veja, em 1984. ?Fomos delinenando um padrão de títulos e de leads que, invariavelmente, enchiam as páginas dessa publicação e das demais revistas e jornais do País?, escreve o autor. Apresentado como curiosidade aos jornalistas Alberto Dines e Augusto Nunes, a lista de lugares-comuns pôs suas engrenagens em marcha ? para usar mais um chavão ? e começou a crescer como fermento de pão. Virou tese de mestrado de Tognolli na Universidade de São Paulo (sob orientação do filósofo e guru da contracultura, Timothy Leary) e, ato contínuo, incorporou idéias e arrazoados sobre o tema dos lugares-comuns. Na edição da Escrituras, Tognolli fez questão de adicionar-lhe um glossário, a exemplo do que Gustave Flaubert pretendeu fazer com seu Dicionário de Idéias Feitas, ao final de Bouvard et Pécuchet. ?Essa coleção de platitudes iniciada há quase 20 anos, constitui bem-humorada descrição do universo mental e verbal de nossa imprensa?, diz Alberto Dines, em texto escrito para o preâmbulo da publicação de Tognolli. Repórter que atuou com destaque em grandes casos da crônica policial, como o Crime da Rua Cuba, Tognolli também ganhou um Prêmio Jabuti de Literatura em 1997 com o livro O Século do Crime (em co-autoria com José Arbex). O humor é de fato uma característica das mais marcantes do volume. Vejam esse caso: "Na quarta-feira à noite, São Pedro resolveu abrir as torneiras que seguravam a liquidez sobre cidade". Saiu no Jornal do Brasil em 1990, um esforço monumental de jornalista para dizer que chovera. O livro terá seu lançamento nacional nesta terça, às 18 horas, na Livraria da Vila (Rua Fradique Coutinho, 915, Vila Madalena). Como disse o compositor Itamar Assumpção, ?chavão não abre porta grande?, mas no caso do livro de Tognolli, abre uma porta suficientemente larga para a compreensão de um tema típico da atualidade.

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