PUBLICIDADE

Jornalista lança livro sobre biografias

Sérgio Vilas Boas analisa três biografias: Mauá, de Jorge Caldeira, Chatô - O Rei do Brasil, de Fernando Moraes, e A Estrela Solitária, de Ruy Castro

Por Agencia Estado
Atualização:

Em 1995, três biografias figuraram, ao mesmo tempo, na lista de livros mais vendidos: Mauá, de Jorge Caldeira, Chatô - O Rei do Brasil, de Fernando Moraes, e A Estrela Solitária, de Ruy Castro. As vidas do Barão de Mauá, de Assis Chateaubriand e de Garrincha, respectivamente, marcaram a entrada definitiva da biografia como um gênero literário popular entre os leitores brasileiros. O jornalista Sergio Vilas Boas lança nesta quinta-feira, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional (Av. Paulista, 2.073), às 18h30, o livro Biografias & Biógrafos- Jornalismo sobre Personagens (Summus Editorial, 184 págs., R$ 27). A obra parte desses três livros para abordar o processo de construção de biografias. "Não faço juízo de valor sobre elas; procurei, a partir desses livros, discutir as questões que envolvem a produção de uma biografia", explica o autor. Quais as fontes de biógrafo? Até que ponto se pode confiar num documento ou numa entrevista? Como ter acesso a documentos guardados por familiares? Escrever uma biografia autorizada ou optar por uma independente? Como realizar uma biografia sem recorrer à memória oral, como no caso de Mauá? Vilas Boas defende que o trabalho de investigação de um biógrafo é uma "tarefa monumental". Nem por isso ele deixa de realizar um trabalho autoral, porque, por mais preso aos fatos que um jornalista seja, não pode deixar de reconstituir a vida de uma pessoa sem passar por uma seleção pessoal, que passa pela forma como ele vê o objeto de seu trabalho. Disso decorre, também, uma crítica à forma pela qual, em geral, a imprensa costuma analisar as biografias. "Existe a crença de que o biógrafo sobrevive pelo que revela, não pelo modo como revela", afirma ele na introdução à obra, resultado de seu mestrado na Escola de Comunicações e Artes da USP. "Se o resenhista ou o crítico entram no mérito do biógrafo, é porque este ´se deu mal´. Ou seja, o importante, sempre, é o biografado. É?", pergunta. Se não pode existir, assim, uma biografia padrão, científica, nem por isso o biógrafo está completamente livre: nada o exime do compromisso com a verdade - ele não pode mentir deliberadamente. Outra idéia que Vilas Boas combate é a de "biografia definitiva". "Uma vida não cabe em livros; portanto, não é possível dar uma palavra final sobre a vida de alguém", diz. O que pode uma biografia, avalia, é definir bem alguma faceta do biografado. Chatô, por exemplo, define bem o empresário e homem de comunicação, mas não contempla outros fatores; A Estrela Solitária faz com que a compulsão de Garrincha por mulheres e bebida deixe de ser uma silhueta, para se transformar num retrato, exemplifica.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.