
18 de março de 2013 | 02h09
Essa deferência e o lugar de destaque mostram a reverência que Millôr tinha para com a profissão de jornalista. Estão ali todas as colunas que produziu para Correio da Manhã, Diário Popular, Pif-Paf, A Cigarra, Istoé, Veja, Folha de S.Paulo, Jornal do Brasil, Correio Braziliense, O Estado de S.Paulo. Foi jornalista de produção prodigiosa e influência inquestionável.
Em 1972, ele passou a presidir o maior sucesso da imprensa independente brasileira, O Pasquim. Mais do que uma experiência jornalística, a publicação legou à nossa época um time de agitadores como não se vê mais: Ivan Lessa, Francis, Fausto Wolf, Tarso de Castro, Sérgio Cabral, Aldir Blanc, Alberto Dines, além de articulistas como Caetano Veloso e Chico Buarque.
Millôr foi conduzido ao jornalismo pelas tiras de quadrinhos de jornal. Foi quando tinha 14 anos e começou a colaborar com O Guri, publicação dos Diários Associados. "A convivência com os comics seria fundamental para a formação de Millôr. A presença dos quadrinhos americanos era inescapável e se tornaria 'a maior e mais legítima influência' para seu desenvolvimento como escritor e humorista, como ele mesmo ressaltou. Sobretudo o herói Flash Gordon, de Alex Raymond, que copiou quadro por quadro, nos primeiros anos, marcando milimetricamente onde começava a cabeça, o braço, etc. 'Foi a maior emoção intelectual e estética de minha vida, quando os quadrinhos chegaram aqui, em 1934, importados por Adolfo Aizen. Um deslumbramento'", diz Gonçalo Júnior em A Guerra dos Gibis. / J.M.
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