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Jessie J e o fim do ano pop

Aspirante a diva, a inglesa mostra hoje no F1 Rocks, músicas de seu primeiro disco

Por Roberto Nascimento
Atualização:

A abastada programação de cantoras pop deste ano se encerra hoje, no festival F1 Rocks, com o show da novata inglesa Jessie J. De Britney a Katy Perry, foram apresentações mecânicas, vendidas a preços salgados, sem nenhuma performance notável ou algo que fugisse do script para dar brilho e personalidade às noites (neste quesito, o melhor show foi o das fãs de Justin Bieber, que se entregam mais ao que fazem - gritar e chorar - do que qualquer pop star importado). O saldo deve permanecer o mesmo hoje à noite, no Via Funchal (a cantora de soul Macy Gray também se apresenta), pois Jessie J procura chegar ao nível dessas divas com um pop previsível, que pouco faz além de seguir as diretrizes das outras. O hit Price Tag, que já tem 164 milhões de acessos no YouTube, por exemplo, é uma mescla das influências vocais dub de Rihanna com a paixonite adolescente de Kelly Clarkson. Com uma leve alteração, a progressão de acordes I -V-VI-IV (velhíssimo truque, usado em With Or Without You, do U2, No One, de Alicia Keys e She Will Be Loved, do Maroon 5) é reciclada sem nenhuma criatividade (quem tiver interesse, veja o curiosíssimo vídeo Axis of Awesome -4 Chord Songs no YouTube, que retrata todas os hits feitos desta maneira. A lista é longa). A progressão e a melodia desmedidamente adocicada vão contra a letra de Price Tag (etiqueta de preço), que é um manifesto ingênuo sobre a ganância, pois fama a qualquer custo parece ser exatamente a estratégia de Jessie J. Price Tag ainda tem um batidão de soul, na onda de Adele e de Amy Winehouse: obra de produtores sem imaginação que tentam emplacar cantoras como mercadorias. A ligação com o soul de Amy e Adele não é clara na música. Mas, em entrevista ao Estado no início de novembro, a cantora afirmou: "Amy foi padrão para as outras. Depois que ela se foi, nós estamos em falta de uma talento como o dela. Eu quero levar isso para frente. Quero fazer isso durar", disse. Ao contrário de muitas divas, Jessie J ao menos tem alguma influência em sua própria música. Em 2009 fez a letra de Party in the U.S.A,, mega hit de Miley Cyrus e Price Tag tem suas digitais (embora o crédito seja dividido com Dr. Luke, o hitmaker mais requisitado da atualidade). Melhor Macy Gray, que também não inova, mas tem voz suficiente para fazer pop ensolarado e passável, como o do hit Beauty In The World. Com uma discografia de cinco títulos, Macy já está há algum tempo na estrada e garante um bom show, o que não é novidade, pois Macy esteve no Brasil para o festival Back to Black em agosto. Deve dar ao Via Funchal um climão "de bem com a vida" como o do festival Natura Nós.

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