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Jennifer Egan divide o palco com 'herói' Ian McEwan na Flip

Autora comemorou o primeiro aniversário do seu Pulitzer: 'Não mudou grandes coisas', comentou

Por Maria Fernanda Rodrigues - O Estado de S.Paulo
Atualização:

PARATY - Há um ano, quando Jennifer Egan comemorou o primeiro aniversário de seu Pulitzer, ela disse que o importante prêmio em nada havia mudado seu dia a dia. Passado mais um ano, a pergunta é repetida: "Não mudou as coisas grandes; no centro da minha vida ainda estão meus filhos e meu marido, ainda moramos no Brooklyn e continuamos saindo com as mesmas pessoas de antes. A grande mudança é que agora eu tenho muito mais leitores e isso é uma oportunidade incrível. Espero poder segurar isso e não horrorizar meu público com meu próximo livro", disse a escritora ao Sabático, por telefone antes de embarcar com os meninos, um de 9 e outro de 11, para Paraty. Neste sábado, 7, a partir das 12 h, ela terá a chance de dividir o palco com o seu "herói" Ian McEwan.

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"Leio os livros dele desde que eu estava na faculdade. Nós nos encontramos algumas poucas vezes e ele é um homem adorável. Quero muito ouvir o que ele tem a dizer, mais do que falar." Para ela, McEwan segue ano após ano, escrevendo no mesmo alto nível. "Além disso, ele continua querendo experimentar coisas novas e acaba tenho sucesso em quase todas as vezes", disse a americana que também gosta de experimentar – o que justifica sua dúvida se o leitor vai gostar ou não do próximo livro, ou do anterior.

Quem se encantou com A Visita Cruel do Tempo, o melhor livro de ficção do Pulitzer de 2012 e que é recheado de personagens, histórias paralelas e diferentes estilos narrativos – ela chegou a escrever um capítulo inteiro como se fosse uma apresentação em Powerpoint, mas não teve sucesso na empreitada de escrever outro em forma de poema épico, e abandonou, brava, o capricho –, não vai gostar necessariamente de O Torreão, escrito antes, mas lançado no Brasil só agora – ambos pela Intrínseca.

"Gosto da excitação de assumir uma outra identidade. Não gosto da sensação de repetição, algo novo tem que acontecer para mim naquela história. Mesmo sabendo que há pedaços de mim que eu ainda não conheço, me entedia a ideia de me repetir", diz.

Se A Visita Cruel do Tempo gira em torno de personagens da indústria fonográfica e do show biz, o próximo será situado em Nova York durante e depois da 2.ª Guerra Mundial. Ela quer investigar o fenômeno que tornou seu país uma superpotência. "Hoje pensamos se ele vai conseguir seguir essa trajetória." Outro foco de interesse da escritora são as mulheres que construíam e consertavam navios durante a guerra. Esse é o cenário do passado, mas ela não sabe ainda como será a parte que se passará nos dias de hoje.

Essa construção de passado e presente é cara à autora. Em A Visita Cruel do Tempo, ela faz um recorte na vida de amigos e colegas de trabalho, e narra, de longe, momentos de altos e baixos que deixaram algum tipo de remorso para quase todos. A passagem do tempo, no entanto, não a preocupa particularmente. "O tempo sempre passou, o problema é que por causa da tecnologia estamos mais conscientes disso. Envelhecer não é uma questão para mim. Só me dá uma tristeza, um sentimento de perda, quando vejo o tamanho dos meus filhos e me lembro de quando eram bebês", disse a autora, às vésperas de completar 50 anos.

 

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