Um jardim que fica numa área municipal atrás do Espaço Cultural Alberico Rodrigues, na Rua Henrique Schaumann, em Pinheiros, pode ser fechado pela Prefeitura. O professor Alberico Rodrigues, que mantém o espaço cultural que leva seu nome, e também cuida do jardim desde 1996, recebeu, no último dia 8, uma intimação da Administração Regional de Pinheiros para que desative a local. No entanto, Rodrigues afirma que tem uma autorização da própria administração regional, datada de 96, que o autoriza a manter o jardim.Indignado, o professor conta que investiu R$ 28 mil do próprio bolso, nos últimos anos, para instalar duas estátuas - dos escritores Camões e Homero -, além de bancos, recuperação de árvores e colocação de uma rede de energia elétrica no jardim. Apenas com as estátuas, foram gastos R$ 8 mil. Porta - Um dos itens do contrato firmado com a Prefeitura, e que outorgou a Rodrigues a responsabilidade do local, era a autorização para a construção de uma porta, que dá acesso do espaço cultural à área municipal. Ele construiu a porta há cinco anos.No entanto, a administradora regional de Pinheiros, Bia Pardi, diz que com isso a área onde fica o jardim virou uma extensão do espaço cultural, possibilitando assim uma utilização para fins lucrativos, o que seria irregular. O espaço cultural vende livros usados e possui uma cafeteria. A Prefeitura também pede que o professor desocupe o local e retire todos os objetos colocados por ele. Segundo a administradora, o professor só poderá manter se regulamentar um termo de cooperação que descarte a abertura da porta de dentro do espaço cultural.Segundo Rodrigues, o jardim era um depósito de lixo há cinco anos. Durante a noite, famílias de mendigos dormiam no local. "Não é justo fechar o espaço e retirar tudo. As pessoas liam nossos livros no jardim, declamavam poemas ", diz o professor. Todas as manhãs, ele acorda cedo para varrer a grama e a calçada. "Os lixeiros nem se dão ao trabalho de limpar esse pedaço da avenida, eu mesmo cuido disso." De acordo com Rodrigues, todas as regras para a manutenção do espaço, determinadas pelo contrato de cooperação, estão sendo cumpridas. Entre elas, está urbanizar a área, retirar o entulho e colocar uma placa indicativa da cooperação, de acordo com formato e dizeres determinados pela Prefeitura.Enquanto aguarda o dia em que todo o seu trabalho será destruído, o professor está fazendo uma carta aberta que será entregue para a imprensa e a associações que possam ajudar a reverter a situação.Revolta - Moradora há 28 anos do bairro de Pinheiros, a gerente administrativa Cleide Pinho está revoltada com o fechamento do jardim. "É um absurdo destruírem um trabalho de tantos anos. Um lugar que faz encontro de poetas, desperta a poesia nos jovens, precisa ser incentivado e não exterminado."