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Jaguar declara seu amor por Ipanema

Em livro, o desenhista lembra os anos gloriosos do bairro, quando podia praticar seu esporte predileto, a boemia. Ele lança Ipanema - Se não me Falha a Memória em São Paulo amanhã, no Bar Pirajá

Por Agencia Estado
Atualização:

Sérgio de Magalhães Gomes Jaguaribe, o Jaguar, nascido em 29 de fevereiro de 1932, no Rio de Janeiro - filho de paulistanos - é o típico carioca: conhece a cidade de ponta a ponta, adora tomar chope no bar da esquina e nunca passou mais de três dias em São Paulo, apesar de dizer que adora a cidade. Irreverente e contestador ele fundou, na companhia de amigos - Millôr Fernandes, Ziraldo, Henfil, Ivan Lessa - o mais famoso jornal alternativo do País, o finado Pasquim, em 1969, no auge da ditadura militar. Uma de suas mais conhecidas criações é o ratinho Sig, que ilustrava as páginas do folhetim. Hoje, tem uma seção, o Covil do Jaguar, na revista Bundas, clone de seu antigo jornal. Sua paixão pelo Rio, e principalmente por Ipanema, o traz a São Paulo amanhã. Ele vem para o lançamento da 2º edição de seu livro: Ipanema - Se Não Me Falha a Memória, no bar Pirajá. A primeira edição, lançada no Rio de Janeiro, esgotou em duas semanas. O livro, que faz parte da série Cantos do Rio, da editora Relume Dumará, junta-se a outros já publicados sobre bairros da cidade, como Centro, Baixo Gávea, Maracanã e Leblon. Jaguar já não mora em Ipanema. "Mudei porque depois da meia-noite já estava tudo fechado e aqui (no Leblon) ainda dá para brincar de boemia". A transformação do bairro, que abriga a praia mais famosa do mundo, fez com que Jaguar resolvesse escrever apenas sobre os anos 60 e 70, "os anos gloriosos", como diz. O livro reúne histórias da época: as festas, as pancadarias, as lindas "garotas de Ipanema", os bichos célebres do bairro, como o cachorro Barbado, mestiço de fox terrier com vira-lata, "que pegava ônibus sozinho, chegou a trabalhar em uma peça de teatro e foi considerado por um crítico como o melhor ator", lembra. Ele também fala dos prós e contras de Ipanema, como "os pastéis do Canavial, na esquina da Visconde de Pirajá com Jangadeiros" e "a popoluição (poluição populacional) da praia". O desenhista diz que o livro deu trabalho. "Eu quis desistir, mas não pude porque já tinha bebido o dinheiro do adiantamento." Para deixar o texto leve "como uma conversa de botequim" ele aproveitou algumas crônicas e amarrou em capítulos curtos. Lançamento em São Paulo - A escolha do Pirajá para o lançamento em São Paulo não foi por acaso. O lugar é um dos preferidos de Jaguar, por seguir a linha dos bares cariocas tradicionais. "Eles promovem rodas de samba e servem pratos típicos do Rio, como o bife à milanesa com molho de tomate, ovos coloridos e moela, opções que não encontramos mais lá", diz ele, com ar saudoso da época em que se reunia com os amigos e colegas de trabalho nos bares Fiorentina, Degrau e Zeppelin. E é sobre bares e bebidas que Jaguar vai falar em seu próximo livro, Confesso que bebi, que será lançado em janeiro pela editora Record, uma reunião dos comentários do cartunista sobre os bares que já freqüentou nos últimos quarenta anos. O livro é dedicado a mais de 400 pessoas que, como ele gosta de repetir, "com uma idéia na cabeça e um copo na mão ajudaram este mundo a ficar menos chato". Questionado se pretende escrever outros livros, ele dispara: "Não sou escritor, sou desenhista e acho que minha contribuição para a literatura brasileira já está dada". Palavra de Jaguar. Ipanema - Se não me Falha a Memória - (91 páginas, R$ 12), de Jaguar. Ed. Relume Dumará (tel. 21-564-6869). Lançamento amanhã, às 19h, no bar Pirajá (Av. Brig. Faria Lima, 64, Pinheiros, tel.: 3815-6881).

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