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Itaú Cultural reabre voltado ao universo digital

Depois de uma ampla reforma, instituição passa se dirigir à cultura digital. Seu novo cartão de visitas será um salão cibernético dedicado às novidades hi-tech

Por Agencia Estado
Atualização:

A arte do século 22 é a que nos interessa. Essa meta é declarada por Milú Villela, diretora vice-presidente sênior do Itaú Cultural. Não há erro de data ou mesmo precipitação: depois de uma reforma completa, o espaço volta a funcionar dirigido à cultura digital. Além de uma programação que vai trazer nova visão sobre as relações entre arte e tecnologia, o Itaú Cultural reabre suas portas oferecendo o Ponto Digital, espaço em que os freqüentadores poderão interagir com novidades hi-tech. "Já será possível transpirar tecnologia logo na entrada do edifício", comenta Ricardo Ribenboim, diretor superintendente. O salão cibernético, idealizado pelo videomaker Marcello Dantas, será o novo cartão de visitas do Itaú Cultural e vai promover a interação social por meio de novidades tecnológicas. Logo na entrada, o visitante vai se deparar com uma grande tela holográfica suspensa no ar, que vai reproduzir diversas formas de arte. Mais adiante, um sofá-ilha abrigando diversas pessoas, que poderão assistir, em telas de plasma, a uma programação selecionada por meio de controladores de CDs e DVDs. Ao redor, computadores sem fio permitem acesso à Internet de banda larga. E, no restaurante, mesas especiais equipadas com "soundtube", sistema para entretenimento individual, em que o freqüentador pode escolher uma música sem que o som dela interfira ao redor. "Quando descobri que estavam sendo montados institutos culturais voltados para a arte digital em Nova York e Chicago, decidi que esse seria o novo espírito do Itaú Cultural", conta Milú Villela, que espera a presença do presidente Fernando Henrique Cardoso no dia da reabertura, 11 de maio. Além de direcionar sua porta de entrada para a Avenida Paulista e de reestruturar o espaço do térreo, o instituto ganha mais um piso subterrâneo, que será utilizado para exposições. As novas áreas serão utilizadas para projetos que propiciem a discussão sobre cultura digital. Para isso, foi instituído o programa Tansmídia, uma bolsa de incentivo aos artistas que utilizam novas mídias como meio de criação. O espectro é amplo e inclui desde videogames e cavernas digitais de múltiplas projeções a web arte, animação em 3D e projetos de arte genética utilizando softwares de vida artificial. "Vamos fazer um mapeamento inédito do que está sendo criado no Brasil", comenta Ricardo Ribenboim. O prazo para inscrições de projetos vai até 10 de maio e podem ser feitas exclusivamente pelo site www.itaucultural.org.br. A primeira exposição do ano, no fim de abril, vai privilegiar os grandes nomes do panorama da arte e tecnologia no Brasil, a começar por Abraham Palatnik, fundador da arte tecnológica e um dos pioneiros da arte cinética no mundo. Com curadoria de Márcio Doctors, a exposição vai reunir 20 trabalhos do artista, que participou da primeira Bienal de São Paulo (1951) com uma obra revolucionária. Já em agosto, no dia 10, começa a mais ambiciosa das exposições: Emoção Art.ficial vai reunir, pela primeira vez no Brasil, trabalhos que utilizem o meio digital como suporte. "Nossa intenção é mostrar que a união de tecnologia e arte não exige necessariamente conhecimento de sistemas, softwares e hardwares", conta Ribenboim. "O que diferencia uma exposição de artes plásticas para esta é que aqui o visitante precisa interagir com a obra." O Itaú Cultural convidou 15 media centers do mundo para participar da exposição, cujo destaque será o trabalho do mexicano Rafael Lozano-Hemmer, criador de instalações de arquitetura relacional e de teatro tecnológico. Todos os trabalhos têm um mesmo objetivo: despertar a emoção e os sentidos do público, contrariando o consenso de que a tecnologia é um meio inacessível. A exposição vai estimular a criação do Laboratório de Projetos Virtuais, um espaço de ponta para pesquisas e formação. "Queremos intensificar a função socializante do Itaú Cultural, permitindo o acesso de todo tipo de público, especialmente aquele que ainda vive à margem da produção cultural", comenta Milú Villela.

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