Itaú Cultural exibe a nova arte que nasce da tecnologia

Mostra ´Memória do Futuro´ marca 10 anos de atividades no setor de novas mídias

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Por Redação
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O ramo da arte tecnológica requer uma série de outros paradigmas dentro do sistema artístico e, por isso, levanta também algumas questões: as obras tecnológicas ficam datadas?; como pode ser feito um acervo com esse tipo de trabalho?; como se dá sua aquisição e conservação em instituições? O Itaú Cultural, por meio do seu Itaulab, vem há uma década se dedicando à pesquisa e a mostras na área de novas mídias. Para marcar essa data redonda dos 10 anos de atividades no setor da arte e tecnologia, a instituição inaugura nesta terça-feira, 3, para convidados, e quarta-feira para o público, a exposição Memória do Futuro. É uma espécie de panorama, com uma seleção de obras marcantes que já foram apresentadas em suas mostras de arte e tecnologia. Mas, ao mesmo tempo, não se pode dizer que se trata de retrospectiva. Porque mesmo as que já foram apresentadas aparecem renovadas (apesar de na sua base já serem obras atuais para as épocas em que foram exibidas) e há ainda uma série de trabalhos novos e inéditos. "A tecnologia muda, é uma característica da mídia", diz Marcos Cuzziol, gerente do Itaulab. Ainda como parte da exposição, ocorrerá até sábado um simpósio na instituição. Memória do Futuro, feita com R$ 700 mil, é mostra enxuta, com 13 trabalhos (apenas 2 são de estrangeiros, o belga Julien de Smedt e o argentino Martin Bonadeo) que ocupam três pisos do Itaú Cultural. De certa forma, parece uma exposição mais integrada do que as outras edições - o percurso dos trabalhos é coeso e nada sobra. Há a possibilidade de interatividade em grande parte das obras, mas não se pode dizer que essa interatividade seja banal e sem sentido. "Quisemos quebrar a idéia de que o visitante vem à exposição para usar o computador que ele já tem em casa", como diz Cuzziol. Obra de Regina Silveira A afirmação de Cuzziol está muito relacionada, principalmente, com as obras ambientadas no espaço da vida virtual, o Second Life: ArquiteturasMutáveis: MutableArchitectures, de Tania Fraga; e Arquiteturas Improváveis, de Giselle Beiguelman e Vera Bighetti. "Todas essas obras não foram reunidas para mostrar a tecnologia", completa - a questão forte, segundo o gerente do Itaulab, é a de que são trabalhos que usam a tecnologia como ferramenta para expressar o que não poderiam expressar sem o uso dela. Dessa maneira, muitas das obras se tornam poéticas. No segundo piso subsolo há uma exposição de trabalhos-produtos do Itaulab. Paulista 1919, de 2002, oferece um passeio pela Avenida Paulista do ano 1919. É um produto que se apresenta educativo - a simulação da avenida, feita a partir de fotografias de época, é acompanhada por uma narração ao fundo -, mas não foi feito com esse propósito, e sim para o desenvolvimento de ferramentas para os artistas usarem em suas obras. "O Itaulab é voltado para a cultura e arte", afirma Cuzziol. Os elementos presentes em Paulista 1919 foram depois usados na última versão da obra Descendo a Escada, de Regina Silveira, instalada no primeiro piso. Descendo a Escada é uma versão interativa de Escada Inexplicável 2, de 1999. A escada está parada e quando o visitante adentra o perímetro da obra, é como se ele começasse a descer uma sucessão de degraus - como dado desmistificador da tecnologia e da experiência que ela propõe, há uma vitrine para se ver o que há atrás da obra de Regina (uma tela, um monte de fios...) Enfim, há muitos outros destaques na mostra, entre eles, OP_ERA, de Rejane Cantoni e Daniela Kutschat - uma cortina de cordas virtuais para o visitante ver e tocar. Memória do Futuro. Itaú Cultural. Avenida Paulista, 149, telefone 11-2168-1776. 3.ª a 6.ª, 10 h às 21 h; sáb. e dom., até 19 h. Grátis. Até 9/9. Abertura terça-feira, às 19h30

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