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Italianos resgatam barco afundado a 2,5 mil anos

Pesquisadores na costa da Sicília usaram redes e guindastes em operação.

Por Guilherme Aquino
Atualização:

Pesquisadores italianos recuperaram barco da Grécia antiga que naufragou na costa da Sicília há cerca de 2.550 anos. A operação de resgate dos destroços da embarcação da Magna Grécia, atual sul da Itália e Sicília, durou um dia inteiro, na costa da cidade de Gela, na sul da ilha. Um guindaste apoiado sobre uma balsa içou para superfície o que sobrou de um antigo cargueiro movido a velas e remos. Acredita-se que ele não resistiu a uma forte tempestade. A parte do casco que foi recuperada revelou que o barco é um dos maiores e mais bem conservados exemplares da sua classe já encontrados no fundo do mar. Os destroços da embarcação repousavam a apenas cinco metros de profundidade e a menos de um quilômetro da costa. Eles foram recuperados com o auxílio de uma rede metálica, posicionada por mergulhadores ao redor do que sobrou do barco. Ele tinha sido descoberto em 1988, mas na época não haviam sido identificados, por exemplo, nem cozinha nem a "cabine" do comandante, com o gancho de bronze para pendurar a roupa. Características Acredita-se que o barco pudesse levar uma tripulação de pelo menos 12 homens e tivesse 21 m de comprimento e oito de largura. Ele é semelhante a um descrito por Homero no poema épico Ilíada. Segundo uma das técnicas de construção naval da época, o casco de madeira de pinheiro era reforçado e amarrado com laços de fibras vegetais. E isso faz dele um exemplar raro e de grande interesse arqueológico. Já se previa que este naufrágio pudesse ser um dos mais importantes testemunhos da antiga história da navegação. O resgate de onze metros de casco vai ajudar a contar como era a vida 500 anos antes de Cristo. Naquele período, Gela, antiga colônia grega, era um importante ponto de passagem para o comércio no Mar Mediterrâneo. A carga principal, composta de ânforas com óleo de azeitonas e vinho, indica que este era um navio de cabotagem ao longo da costa da Sicília. O barco redistribuía as mercadorias de porto em porto que tinham sido já transportadas e desembarcadas do Peloponeso e das Cíclades. Ele trazia ainda cerâmicas pintadas com figuras vermelhas e escuras e pequenas estátuas de madeira. Moringas "O barco naufragado deve ter vindo de um porto próximo a Gela, Camarina. Mas antes, quase com certeza, passou por Siracusa, antes ainda pela Catânia e talvez algum porto da Calábria, pois encontramos a bordo granito daquela região e pedra de lava", explicou a superintendente de Bens Culturais e Ambientais da Província de Caltanissetta, Rosalba Panvini. Neste naufrágio foram encontrados cerca de 200 moringas, antepassados dos atuais contêineres. Também foram recuperadas cerâmicas destinadas ao comércio e para o uso a bordo. A superintendente Rosalba Panvini conta ainda "naquele período os pedidos eram feitos pelos clientes e achamos no barco uma espécie de caneta, um objeto usado para anotar numa tábua de madeira revestida com cera o movimento da carga e, talvez, o diário de bordo, o que prova que havia um escrivão a bordo". O barco "pescado" pelo guindaste foi mergulhado numa grande piscina de água doce para lavar o sal. Dentro de pouco tempo ele será transportado para os laboratórios da Mary Rosa Acheological Services, no condado de Hampshire, na Inglaterra. Lá serão executados os trabalhos de restauração do casco. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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