Islâmicos criticam novela da Globo

Parte da comunidade muçulmana reclama que O Clone retrata os homens como machistas, frios e brutais e as mulheres, tristes e sofredoras

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Por Agencia Estado
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O Clone retrata islâmicos como machistas. Essa foi a principal queixa de parte da comunidade muçulmana sobre o primeiro capítulo da novela das oito da Globo, de Glória Perez, que foi ao ar na segunda-feira."O Ali (Stênio Garcia) bateu no rosto da Jade (Giovanna Antonelli) e mal conhecia a menina! Isso não é permitido na nossa religião", indigna-se o xará do personagem, o xeque Ali Saifi, 25 anos. "Os islâmicos são afetuosos. O Ali foi muito brutal e frio com a Jade", queixou-se o xeque Jihad Hammadeh, principal consultor da novela. "Estive ontem na Galeria Gourmet no Rio, onde diretores e elenco se reuniram para assistir ao primeiro capítulo. Dei uns toques na Glória e isso será reparado", completa Hammadeh. O religioso ainda explica que, segundo os ensinamentos do profeta Maomé, nunca se bate no rosto de uma pessoa, especialmente de um parente. Ahlam Saifi, 19, mulher do xeque Ali, mostra-se ainda mais revoltada. Para ela, o alvo dos equívocos de Glória Perez é a protagonista Jade, uma muçulmana atormentada pelas proibições da religião. "Ela parece triste por ser islâmica. O pessoal vai me apontar na rua e dizer: ´Lá vai a coitada da mulher muçulmana que sofre como a Jade´", diz. As queixas de Ahlam sobram para outra personagem, a conformada Latiffa (Leticia Sabatella). "Onde já se viu?! Noivar sem conhecer o pretendente e ainda ficar feliz? Isso não existe!" "Não vi dessa forma. Acho que a Glória quis mostrar a diferença de culturas, que existe mesmo", opina Mônica Botafogo, da Sociedade Beneficente Muçulmana do Rio de Janeiro. Entre a Bahia de Porto dos Milagres e o Marrocos de O Clone, o público parece ter ficado com o primeiro destino. O Clone teve média de 47 pontos no Ibope, com pico de 53, segundo a assessoria de imprensa da Globo. O último capítulo de Porto dos Milagres alcançou a média de 61 pontos. O departamento comercial da emissora ainda anuncia cotas para vender a empresas dispostas a patrocinar a novela. No primeiro capítulo, belas paisagens do Rio, Egito e Marrocos foram palco para cenas de amor, ciúmes e clichês, a maioria na boca do cientista Albieri (Juca de Oliveira). Questionamentos pretensamente shakespearianos, como "clonagem seria um milagre de Deus ou uma cilada da vaidade humana?" Eis a questão.

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