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"Irmãos Coragem": a primeira superprodução

Por Agencia Estado
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Há 30 anos, no dia 29 de junho de 1970, estreava Irmãos Coragem, um bangue-bangue à brasileira que ganhou tons épicos graças ao talento literário de Janete Clair. A novela - que ficou no ar até julho de 1971 e contava a saga de três irmãos na luta pela riqueza - parou o País e, pela primeira vez, fez com que os homens admitissem que também eram fãs do gênero. Irmãos Coragem também foi precursora em relação aos custos de produção. Foi a primeira novela a ganhar uma cidade cenográfica completa. Desenhada pelo cenógrafo Mário Monteiro, a cidade tinha cinco mil metros quadrados, com oito ruas, bares, mercearia, praça, igreja, prefeitura, delegacia, pensão, escola e farmácia. A Globo não poupou gastos e investiu alto no projeto, mesmo sabendo que no último capítulo toda a cidade seria destruída por um incêndio. A história se passava na fictícia Coroado, cidade que estaria situada no centro-oeste brasileiro. Os atores que viveram os protagonistas da história - João (Tarcísio Meira), Edu (Cláudio Marzo) e Jerônimo (Cláudio Cavalcanti) eram os grandes galãs da época e até hoje são lembrados como os irmãos Coragem, filhos de Sinhana (Zilka Salaberry). Quem fazia par romântico com Tarcísio era sua esposa, a atriz Glória Menezes, no papel de uma mulher com tripla personalidade Lara, a normalista; Diana, a prostituta; e, mais tarde, Márcia, uma combinação das duas. A inspiração para criar um papel tão denso surgiu a partir do livro As Três Máscaras de Lara. Para compor a sábia Sinhana, Janete leu Mãe Coragem, de Bertolt Brecht. A saga dos Irmãos Coragem tem início a partir de um diamante que é descoberto por João. Perseguido pelo rico coronel Pedro Barros (Gilberto Martinho), dono de todas as terras da região e pai de Lara-Diana, João começa a lutar intensamente por seus direitos, o que acaba transformando Coroado em um cenário digno de um faroeste americano. A direção inicial ficou por conta de Daniel Filho, mas por volta do capítulo 70, o ator Milton Gonçalves passou à frente do comando, acumulando funções: ele interpretava Brás Canoeiro, braço direito de João Coragem. Foi também nessa novela que o futebol passou a ser usado como tema para tramas paralelas. Edu era jogador de futebol e foi o único dos irmãos a tentar a sorte na cidade grande, tornando-se um grande craque do Flamengo. Para não pecar no roteiro, Janete convidou o jornalista João Saldanha para auxiliá-la e descrever o sofrimento de um jovem do interior que alcança a fama graças ao esporte. Vale a pena ver de novo - Longe do sucesso obtido na primeira vez em que foi exibida (quando alcançava cerca de 80 pontos de audiência) a história dos Irmãos Coragem já voltou à telinha algumas vezes, tanto no Vale a Pena Ver de Novo, quanto no horário das seis, em 1995, depois de ser atualizada por Dias Gomes e Marcílio Moraes. No remake, Marcos Palmeira, Ilya São Paulo e Marcos Winter ficaram com os papéis de João, Jerônimo e Edu, respectivamente. Lara-Diana ficou para Letícia Sabatella e a índia Potira, que no original era vivida por Lúcia Alves, ganhou a interpretação de Dira Paes. Vários atores que participaram da primeira versão foram homenageados na ocasião. Gabriela Duarte, por exemplo, viveu Ritinha, esposa de Edu, papel que em 1970 pertenceu à sua mãe, Regina Duarte, e pelo qual a atriz passou a ser chamada de "namoradinha do Brasil". Cláudio Marzo, que era o jogador Edu, mudou de lado e tornou-se o grande vilão da história, o coronel Pedro Barros. Maurício Gonçalves trocou de papel com o pai, Milton Gonçalves, e assumiu o Brás Canoeiro. Murilo Benício, que ainda era um bebê quando Irmãos Coragem foi exibido pela primeira vez, ganhou o papel do malvado Juca Cipó. Em 1970, foi Emiliano Queiróz quem deu vida ao jagunço, assumindo em 95, o alcóolatra Dr. Maciel, pai de Ritinha.

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