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Iraque gera protesto de artistas em NY

Uma série de demonstrações e encontros de ativistas e entidades culturais toma proporções maiores, e finalmente encontra espaço na imprensa

Por Agencia Estado
Atualização:

Demorou, mas os protestos contra a invasão do Iraque pelo governo americano chegaram ao mainstream. Uma série de demonstrações e encontros de ativistas e entidades culturais vem acontecendo há vários meses no país, mas agora o movimento toma proporções maiores e finalmente encontra espaço na imprensa. Um dos principais sinais é o lançamento da coalisão Win Without War (Vitória Sem Guerra), em que mais de cem artistas - incluindo nomes como Kim Basinger, Ethan Hawke e Samuel L. Jackson - condenam os planos do presidente George W. Bush. Com a ajuda da internet, a movimentação contra a guerra tomou força nos últimos meses em universidades e grandes centros culturais do país. Como resultado, de acordo com a pesquisa mais recente realizada pelo instituto Gallup, o número de americanos que não concorda com Bush na questão quase dobrou recentemente, atingindo 37%. Ativistas esperam que a organização de uma campanha nacional envolvendo celebridades, líderes religiosos e outros nomes influentes pode aumentar o número consideravelmente. Inúmeras publicações independentes e fundações têm se unido para organizar eventos e protestos em vários lugares do país. Entre elas, está a Caipirinha Productions, da cineasta brasileira radicada em Nova York Iara Lee. Os eventos produzidos por ela, que incluem palestras e projeções de filmes, têm atraído uma média de 500 pessoas. De outro lado, as aparições do premiado jornalista Robert Fisk, do Independent, um dos maiores críticos da política internacional americana, são sucesso garantido de público. Com a participação de Hollywood, o movimento anti-guerra ganha uma nova dimensão - principalmente porque o discurso foi adaptado para ganhar tons menos contundentes. Enquanto algumas alas mais radicais não poupam ataques aos interesses do presidente, a coalisão Win Without War preferiu adotar uma postura de apoio ao desarmamento do Iraque - desde que não seja por meio de uma guerra. A campanha foi idelizada pelo ator Mike Farrell (de M.A.S.H) e pelo produtor e diretor Robert Greenwald (de Steal This Movie). Os dois dizem ter ficado impressionados com a rapidez das demostrações de apoio da comunidade artística. Matt Damon, David Duchovny, Laurence Fishburne, Janeane Garofalo, Helen Hunt Jessica Lange, integrantes do REM e Noah Wyle são alguns dos que assinaram uma carta enviada ao presidente. A mensagem é clara e simples. "Uma invasão militar no Iraque vai prejudicar os interesses dos Estados Unidos, aumentar o sofrimento de pessoas, a animosidade contra o nosso país, a possibilidade de ataques terroristas, além de prejudicar a economia e abalar nossa moral no mundo", diz a carta. A diferença no discurso (ao contrário da ala mais esquerdista do movimento, eles concedem que Saddam Hussein pode representar um problema para os Estados Unidos) deve fazer diferença na cobertura da crise pela imprensa americana. "Depois de 11 de setembro, era anti-patriótico falar contra a guerra", disse Greenwals em uma entrevista ao jornal Los Angeles Times. "Temos visto muitas vozes se erguerem nos últimos tempos, mas elas não têm conseguido atingir a televisão, o rádio e os jornais." A questão passa a ser o quão grande a campanha vai ter de se tornar para realmente ter influências nas decisões do governo americano.

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