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Iole de Freitas expõe no Centro Hélio Oiticica

Por Agencia Estado
Atualização:

No ano passado, quando a artista plástica Iole de Freitas recebeu um convite para expor no Centro de Artes Hélio Oiticica, ela preferiu criar uma nova obra a reunir outras antigas numa retrospectiva. O resultado dessa experiência vai estar exposto a partir de amanhã, após sete meses de pesquisa. São enormes esculturas em tubos de aço e chapas de material acrílico translúcido retorcidas, que ocupam as diversas salas da instituição e tomam também sua fachada, integrando-se com a arquitetura do século passado. O Centro Hélio Oiticica foi inaugurado em 1997, com obras doadas pela família do artista plástico que inspirou o tropicalismo. Desde então, tem realizado grandes exposições, geralmente específicas para seu espaço, uma casa do século passado numa área urbana em decadência. A mais concorrida foi a do americano Richard Serra, em 1998. "O nome de Hélio Oiticica não me afetou na criação desta obra, mas sim o currículo desta casa, onde grandes artistas já expuseram", comenta Iole. "Preferi criar um trabalho novo para este espaço porque já havia feito retrospectivas em São Paulo, no Museu de Arte Moderna, em 1997, e no Paço Imperial, no Rio, no ano passado". Para acompanhar a montagem, desde outubro, ela mudou seu ateliê para um pequeno galpão ao lado do centro, onde tem trabalhado com oito operários. "Hoje estou mais interessada em explorar a espacialidade e a volumetria dos lugares onde exponho que em mostrar esculturas antigas", adianta a escultora. Iole refere-se às instalações que montou no ano passado, no Museu do Açude, no Rio, e no Museu da Pampulha, em Belo Horizone. No Rio, ela aproveitou a piscina da antiga mansão de um milionário carioca, para a escultura Dora Maar, 1999. "Trouxe aquele espaço para cima e trabalhei com os volumes daquela área bucólica", conta. "Na Pampulha, joguei com a arquitetura criada por Oscar Niemeyer e aqui, no Centro Hélio Oiticica, vou aproveitar o espaço entre este prédio e o da frente, que ainda guarda resquícios da Escola de Belas-Artes, criada na primeira metade do século passado, por Montigni". Maquetes - Para realizar seus trabalhos, Iole primeiro cria maquetes em arame e cartolina, estudando a relação do material idealizado com o espaço a ser preenchido. A partir das maquetes, ela encomenda a obra a empresas especializadas. No Centro Hélio Oiticica, foi preciso pesquisar até a espessura ideal das diversas placas translúcidas e dos tubos de aço, para retorcê-los na medida certa. "Encomendei tudo a uma indústria naútica, a Keep Marine, pois precisava de um acabamento de alta qualidade conjugado com soluções estruturais firmes", explica Iole. Ela ainda não tem idéia de quanto custará a obra, totalmente financiada pela Secretaria Municipal de Cultura, mas só lamenta a curta duração da mostra, que vai até 6 de agosto deste ano. "É claro que prefiro uma exposição mais prolongada, mas me basta saber que o fato artístico existe", diz. "Toda vez que criamos uma obra, queremos realizá-la da melhor forma possível, até para saber se o que imaginamos é viável, pode existir como objeto de arte".

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