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Instituto Cervantes fecha filiais no Recife e em Curitiba

E, seguindo a política do governo espanhol, revê verbas no Rio de Janeiro e em São Paulo

Por FLAVIA GUERRA - O Estado de S.Paulo
Atualização:

O Instituto Cervantes anunciou na segunda-feira, 08, o fechamento de três de suas unidades - duas no Brasil (Recife e Curitiba) e uma na Síria (Damasco) -, além da suspensão da instalação de um novo centro em Sofia, na Bulgária, que agora vai depender de investimentos do governo local. As unidades de Rio e São Paulo, segundo Pedro Benítez Pérez, diretor do Instituto Cervantes de São Paulo, também devem sofrer cortes. "O orçamento e a programação vão diminuir também no Rio e em São Paulo, mas continuam com a mesma qualidade. Poderemos ter e trazer menos atividades, por exemplo, só que mais fortes e mais importantes. Não vai ser uma programação de crise", garante Benítez ao Estado. A medida está relacionada com o corte generalizado de verbas estatais promovido pela Fazenda espanhola. Segundo informações publicadas ontem no diário espanhol El Pais, o instituto receberá, em 2013, 37% a menos de verbas do que em 2012 ( 50 milhões em vez de 80 milhões). O jornal criticou o fechamento das unidades no Brasil, ressaltando que o País é "estratégico para a difusão do espanhol por meio da introdução do idioma no sistema educacional". Segundo Benítez, ainda não há informações precisas sobre o destino que será dado às verbas que deixarão de ser repassadas pelo Governo Central da Espanha a Curitiba e Recife. "É fato que cada centro tem uma verba que depende do lugar onde está, da economia e relevância local, do número de estudantes que tem, mas não sabemos valores precisos e definitivos sobre cortes de orçamento em outras cidades. É tudo muito prematuro, já que estas medidas foram anunciadas para nós apenas ontem", declarou o diretor, ressaltando que o Brasil é o país que mais centros tem no mundo. "Estamos em várias regiões, do sul ao nordeste. É triste que tenhamos que cortar dois centros no País por conta da crise. Mas temos o compromisso de continuar desenvolvendo um trabalho de qualidade, como sempre fizemos." Para isso, pretendem realizar, "com menos dinheiro", atividades relevantes. "Sobretudo em uma cidade como São Paulo, vamos contar muito com os produtores culturais que moram na metrópole, que produzem cultura em espanhol e cultura próxima a temas hispânicos. No Cervantes sempre entendemos que a mistura entre a cultura local e a espanhola é muito boa e interessante. Tanto para quem assiste quanto para quem produz", contou Benítez. Com o objetivo de manter a programação cultural de cada um dos institutos no País, o IC também pretende contar com a colaboração dos países da América Espanhola. " Os consulados vizinhos sempre desenvolveram atividades no IC e isso vai continuar. Nossa lei fundacional fala de ensino em espanhol e difusão da cultura em espanhol. Amanhã, por exemplo, tenho uma reunião com o consulado do Peru para falar de vários projetos", contou o diretor. "Imagine que há quatro boas exposições da Espanha. Em vez de trazer todas, traremos três. Em geral as mostras aqui duram cerca de um mês. O que faremos no mês em que as salas estarão vazias? Vamos ocupá-las com outras ações e exposições de países que produzam cultura em espanhol." Outra medida do IC é buscar parcerias com empresas privadas e instituições diversas. "É agora que temos que ser mais criativos. Por isso, também estamos em contato com empresas e instituições tanto brasileiras quanto espanholas . Vamos continuar produzindo cultura do mundo hispânico. E cultura boa. Os brasileiros conhecem a recessão muito bem. E vão saber do que somos capazes de produzir, apesar da crise. "

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