Inspiração de Nailor proveta

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Por Lucas Nobile /RIO
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RIOA terceira edição do Copa Fest teve entre seus destaques atrações praticamente internacionais para os cariocas. Na turma dos "estrangeiros", Dom Salvador, desde 1973 fora do País, a Banda Mantiqueira, habitué dos auditórios em São Paulo, mas, infelizmente, ainda pouco ouvida no Rio, e um gringo de fato, o argentino Hector del Curto. Único representante "local", o saxofonista Léo Gandelman merece respeito por sua milhagem. O primeiro show da noite de anteontem foi praticamente tomado por temas inéditos, como Camisa 7 (em homenagem ao furacão da copa de 1970, Jairzinho), Luz Azul e Vip-Vop (trocadilho com "very important people" e "very ordinary people"), mas as canções mais marcantes e que levantaram a plateia foram composições de outros autores, como Reza, de Edu Lobo e Ruy Guerra, e Canto de Ossanha, de Vinicius de Moraes e Baden Powell. Com seu cacoete de radialista, ele parecia um animador de circo, um David Letterman, convocando o público, por mais de uma vez, a participar, ou seja, fazendo o papel que a música boa, por si, só, já deveria exercer.O ponto positivo do show, além banda de Gandelman, com destaque para o baixista Alberto Continentino, foi a participação de Serginho do Trombone, parceiro de Dom Salvador no conjunto Abolição.Desconhecido.Na noite de sexta, praticamente ninguém na plateia tinha conhecimento sobre a carreira de Hector del Curto. O argentino e seu grupo, com contrabaixo, violoncelo e violino, surpreenderam o público, mesclando temas próprios, como Milonga para Hermeto - homenagem ao multi-instrumentista brasileiro _, com outros de Piazzolla e de compositores anteriores ao novo tango portenho. Além do show de Dom Salvador, um verdadeiro acontecimento na noite carioca, a apresentação da Banda Mantiqueira, na sexta, foi memorável. O grupo tocou composições de Cartola, Noel, Tom Jobim, João Bosco e Dorival Caymmi, liderados pelo arranjador, clarinetista e saxofonista Nailor Azevedo, o Proveta, que deu o ar de sua genialidade ao interpretar Carinhoso e Segura Ele, de Pixinguinha. Outro ponto positivo do festival foi o Vinil é Arte, com DJs tocando LPs raros antes, nos intervalos e depois dos shows.Uma das críticas ao Copa Fest fica por conta da equalização do som. Durante várias apresentações, ouviam-se algumas microfonias e estalos desagradáveis, além de solistas serem prejudicados em seus improvisos pelo baixo volume, mas nada que tenha comprometido no geral. O que ficou feio mesmo foi o vai-e-vem de garçons entre as mesas do salão, muitos falando alto como se estivessem em uma festa de debutantes.

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