09 de janeiro de 2011 | 00h00
Você é atriz, comediante, divide-se entre teatro, TV, cinema, é mãe da Clara, mulher de Renê. Identifica-se com a workaholic Alice de De Pernas Pro Ar e você?
Sim! Toda mulher contemporânea tem muito em comum com ela. Quando comecei a conhecer melhor a Alice, passei a pensar nas minhas próprias questões. Eu trabalho muito, tinha dado à luz pouco antes do início das filmagens e amamentava nos intervalos. Estou sempre me dividindo entre o trabalho, minha filha, meu marido. A questão de como a mulher vai se dividir entre tantas tarefas que acumulou é universal.
Apesar de ser uma comédia, o filme fala de várias fases de uma mulher que vai se descobrindo. Como foi viver essas fases?
Foi ótimo e, ao mesmo tempo, difícil. No cinema, tudo é filmado "fora da ordem". Não há o "crescente" do teatro, Para "entrar" nas fases da Alice, comprei um caderno e anotei ao lado das cenas: Fase 1 - workaholic, Fase 2 - gozei, Fase 3 - voltando para o marido. Lia no caderno que fase era e ia para filmar no "clima". Ajudou muito.
Você se surpreendeu ao ver o filme pronto?
Muito! É um filme em que me diverti muito. Mas no fundo é uma história de amor. O que mais gostei é que me identifiquei ao ver Alice na tela. No Brasil, diferentemente dos EUA, onde comédia é gênero muito respeitado, comédia ainda é "filme menor". Acho que é importante um filme como este vir depois de Tropa de Elite. Rir é importante.
Fazer comédia é mais difícil?
Não é porque sou comediante, mas sim. A comédia tem a questão do timing. Precisa ficar real senão não tem graça.
Seu marido assistiu?
Assistiu e adorou. Mas disse: "Pensei que era filme para mulher." Engraçado ele dizer isso porque faço questão de perguntar para os homens o que acham. Vários dizem: "Adorei. Primeiro porque ri muito. Segundo porque o marido (o ator Bruno Garcia) não é retratado como um homem babaca."
É a reação do "novo homem".
Exato. Imagine que até ha pouco tempo muitos iriam preferir serem retratados como "pegadores". Este é um momento especial. Estamos redefinindo mesmo nossos papéis e procurando nosso espaço nas relações. Tanto homem quanto mulher.
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