Indústria editorial quer participar do pacto de Lula

Em reunião do presidente eleito com empresários e entidades de classe em São Paulo, nesta quinta-feira, o presidente da Câmara Brasileira do Livro listou as reivindicações das editoras

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Por Agencia Estado
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Os editores e os livreiros do País também querem fazer parte do pacto social do futuro governo Lula. Hoje, o presidente da Câmara Brasileira do Livro (CBL), Raul Wassermann, esteve na reunião na qual o presidente eleito buscava definir o modelo do pacto social que preconiza. O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, recebeu 150 pessoas na manhã de hoje, entre empresários - como Milú Vilela, do Itaú - e representantes de classe, para conversar no seu bunker improvisado, no Hotel Intercontinental, em São Paulo. Wassermann esteve na reunião para reafirmar uma série de reivindicações que a CBL já tinha feito aos candidatos ainda durante a campanha eleitoral. "O mercado precisa crescer e ganhar benefícios para melhorar o sistema de bibliotecas, por exemplo", disse o editor, ao sair da reunião. Ele negou que o setor esteja buscando mais facilidades fiscais. "O estímulo fiscal é a menor questão; nós já temos imunidade tributária na questão do papel e do livro", afirmou. "Nosso problema é conseguir preços menores com uma produção maior, para aumentar a oferta de livros e melhorar nossas indústrias." Segundo o dirigente da CBL, as maiores e mais bem estruturadas editoras do País são as didáticas, porque foram contempladas com um programa. "Do outro lado, se houver um programa para os outros setores editoriais, isso vai fazer com que a gente cresça." Mas o lobby dos editores e livreiros também demonstra apreensão com a iminência de ser instituída a obrigatoriedade da numeração de livros no País. Comissão instituída pelo presidente Fernando Henrique Cardoso para discutir a questão (assim como a numeração de CDs) empacou no setor editorial. A divergência maior está na "incompatibilidade" entre as propostas do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel) e da União Brasileira de Escritores (UBE). Os editores vêem "impossibilidade tecnológica e física" para numerar as obras, mas a União dos Escritores diz que isso é perfeitamente possível. Wasserman diz que não existe um confronto entre autores e editores e que tudo é uma questão de "sentar e conversar". "As editoras não se furtam ao controle", disse. Segundo diagnóstico da CBL, a indústria editorial brasileira ocupa a oitava posição no mundo e só em 2001 o faturamento foi de mais de R$ 2 bilhões, com a produção de 331.100.000 exemplares. O mercado lança cerca de 12 mil novos títulos por mês. Ainda assim, "só para dar uma idéia do quanto o setor ainda pode crescer", o faturamento de 2001 foi 28 vezes menor do que o mercado americano, por exemplo. A CBL, fundada em 1946, é uma entidade independente e sem fins lucrativos que busca promover a indústria e o comércio do livro. Reúne editores, livreiros, distribuidores e crediaristas e desenvolve eventos como a Bienal Internacional do Livro de São Paulo, o Prêmio Jabuti e a Escola do Livro. O presidente eleito, na reunião, lembrou aos empresários que "um país não cresce só mexendo em capitais, mas estimulando a produção". Wasserman concorda com o pressuposto. "A mudança de governo vai mudar a cultura da discussão", afirmou.

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