Indústria de livros volta a crescer

No ano 2000 houve um incremento na produção de 11,5% em relação a 1999, um salto de 295 milhões de exemplares para 329 milhões. Na média, cada brasileiro consumiu 1,94 livro

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Por Agencia Estado
Atualização:

A indústria do livro voltou a crescer no ano 2000. O resultado, divulgado nesta semana, revela um incremento na produção de 11,5% em relação ao ano de 1999, num salto de 295 milhões de exemplares para 329 milhões. Na média, cada brasileiro consumiu 1,94 livro. O faturamento do setor passou de R$ 1,82 bilhão para R$ 2,06 bilhões, enquanto o número de livros editados pela primeira vez cresceu em mais de 4.300 títulos, chegando a 18.305 novos lançamentos no ano passado. O resultado é inferior ao de 1998, considerado o melhor ano do setor no País, quando foi produzido um total de 369 milhões de exemplares, ultrapassando a barreira de 2 livros por habitante num ano. A queda de 1999 se explica pela desvalorização do real no início do ano, pelo crescimento no preço do papel e pela contração econômica que se seguiu à desvalorização. Para 2001, a Câmara Brasileira do Livro (CBL) ainda não tem nenhum número, mas anuncia que foi um ano que "começou bem". Para a CBL, responsável pela elaboração do relatório que traz esses números, o mercado editorial foi favorecido pela retomada do crescimento econômico no ano passado, especialmente no segundo semestre. Nesse contexto, o fator que mais ajudou a indústria a crescer foi a retomada das compras de livros didáticos e paradidáticos pelo governo, que inclui no seu pacote de 2000 programas que não foram realizados em 1999. O governo é o principal comprador de livros do País. Programas de compras de livro didático pelo governo federal (especialmente) e por Estados e municípios distribuíram, em 2000, 40% dos 329 milhões de exemplares produzidos, enquanto as livrarias foram responsáveis por 30%. Os números róseos do mercado como um todo contrastam com o resultado obtido pelo setor de literatura especificamente. A produção de livros de literatura caiu em todos os indicadores. O setor de livros infantis foi o que mais caiu - foram produzidos 10 milhões a menos de exemplares, numa queda de 28%. O de literatura juvenil registrou uma diminuição de 18% e o de literatura adulta, de 10%. Somados os três subsetores, a queda na produção de livros de literatura chegou a quase 13 milhões de exemplares. Segundo o presidente da CBL, Raul Wasserman, ainda não é possível identificar claramente os motivos dessa redução. "Apesar do crescimento registrado, os números do relatório indicam algumas fragilidades", afirmou ele. Wasserman afirma que as tiragens continuam baixas, o que justifica os relativamente altos preços dos livros. No setor de didáticos - em que o governo é o principal comprador, no entanto o raciocínio não deveria valer - o número de títulos colocados no mercado caiu em um terço (de 14,9 mil para 9,6 mil), enquanto houve um crescimento de 9% no número total de exemplares traduzidos. O setor de livros didáticos respondeu por 59,4% da produção em 2000 - e por aproximadamente metade do faturamento do setor. Línguas - Em termos de participação da produção nacional o mercado editorial do País segue um padrão semelhante ao da indústria fonográfica, em que predominam os produtos brasileiros - bastante distante do mercado cinematográfico, em que mais de 90% das cadeiras das salas de projeção são ocupadas por gente assistindo a filmes norte-americanos. Dos livros produzidos no Brasil em 2000, 93% dos exemplares são de autores nacionais. Apenas 7% são traduzidos. Em número de títulos, a divisão do bolo é de 15% para os estrangeiros e 85% para os brasileiros. Entre os 22,9 milhões de exemplares de livros traduzidos o inglês segue sendo a língua mais presente no Brasil, com 66% dos títulos publicados originalmente em outro idioma (em 1999, participou com 73%). O ano 2000 representou, no entanto, um salto das traduções do alemão (16% dos títulos, ao lado de 4% em 1999) e uma queda dos número de textos vertidos do espanhol (6% em 2000 e 7% em 1999). O francês manteve sua participação equilibrada nos dois anos: 9%. Os dados da CBL mostram ainda como as relações entre Brasil e Portugal no mercado editoral passam por maus momentos. Em 2000, apenas 16 títulos portugueses foram aqui publicados.

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