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Indefinida instalação do Guggenheim no Rio

O prefeito do Rio, César Maia, diz que espera assinar, em cinco dias, o contrato para instalação do museu na zona portuária da cidade

Por Agencia Estado
Atualização:

Um mistério cerca os contratos da instalação de uma unidade do Museu Guggenheim no Rio. O local já está escolhido - será o Píer Mauá, na região portuária, desativado há mais de uma década - e o prefeito César Maia divulgou notas informando que o projeto do arquiteto francês Jean Novel, autor do Guggenheim de Bilbao, na Espanha, está pronto e que o presidente da fundação norte-americana que gerencia os museus pelo mundo, Thomas Krens, chegaria hoje ao Rio para assinar o contrato. Só que a prefeitura se fechou para qualquer informação. O prefeito, em e-mail à reportagem, informou na quinta, que haveria "uma reunião hoje para iniciar os ajustes no contrato" e que esperava "em uns cinco dias tê-lo arredondado", mas não disse com quem esses temas seriam discutidos. Hoje, a Secretaria Municipal das Culturas informava que não será assinado um contrato para a instalação do museu e sim um "termo de compromisso", sem explicar que documento é esse. Um contrato para estudar a viabilidade do Guggenheim carioca havia sido firmado no início do ano, ao custo de US$ 2 milhões ao cofres municipais e, em março, Thomas Krens, Jean Novel e o diretor do Guggenheim de Bilbao, Juan Ignacio Vidarte, vieram ao Rio. Eles confirmaram seu entusiasmo, mas avisaram que havia questões práticas a serem resolvidas. "A equação de nosso entusiasmo com os ceticismos que envolvem essa iniciativa vão nos levar à realidade", disse Krens na época, lembrando que, para dar certo, o público deveria ficar entre 300 mil e um milhão de visitantes anuais. "O Guggenheim é uma marca mundial, mas precisa ter também sua identidade local, como acontece na Espanha, em Veneza e Berlim." O prazo estipulado para a decisão termina este mês e o prefeito César Maia em várias ocasiões tem mostrado disposição para viabilizar seu projeto, orçado em US$ 120 milhões. "Esse dinheiro já está no orçamento municipal de 2002, caso a iniciativa privada não cubra", garantiu Maia na última visita da comitiva do museu ao Rio. "Para trazer o Guggenheim para o Rio, seremos ousados além do que recomenda a prudência." O museu é apontado como o principal projeto para dar início à revitalização da zona portuária, área com mais de cinco bairros e que entrou em decadência quando os contêineress substituíram os grandes armazéns de estocagem. Só que, ao contrário de Londres, Barcelona, Hamburgo e mesmo do Recife, os projetos para o porto do Rio não deslancharam. O prefeito César Maia e seu secretário das Culturas, Ricardo Macieiras, acreditam que essa é a melhor solução e se movimentam para trazer atividades para a zona portuária. Lá funcionam atualmente um teatro da prefeitura, o Armazém 5, que atualmente tem em cartaz a versão da "Missa dos Quilombos", da Companhia Ensaio Aberto, e a escola de dança DeAnima, de Richard Cragum e Roberto Oliveira, ambos patrocinados pela prefeitura. A versão carioca do Guggenheim, no entanto, não é unaminidade entre as instituições culturais do Rio, que acreditam que esses US$ 120 milhões poderiam ser investidos em outros centros culturais ou museus cariocas que vivem em situação de penúria ou lutando para manter uma programação. Colecionadores importantes como Gilberto Chateaubriand, cujo acervo está guardado no Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio e João Satamini, que levou sua coleção para o Museu de Arte Comtemporânea (MAC), em Niterói, são contra. Satamini lembra que é preciso não só construir o Guggenheim brasileiro, mas encontrar formas de sustentá-lo. "Mostras de arte custam muito caro porque envolvem seguros, transportes das obras e outras despesas, todas altas", disse ele num debate, no início do ano, sobre o Gugga carioca. "E conseguir um público de um milhão por ano é um sonho de uma noite de verão. Esse é o público do MAC em cinco anos." Este foi, em 2001, o público do Centro Cultural Banco do Brasil, que não cobra ingresso e tem fácil acesso de carro, ônibus ou metrô, ao contrário do que ocorre com o Píer Mauá. César Maia, acostumado às críticas, anuncia seus planos para o Guggenheim carioca. Espera assinar o contrato e abrir licitação para construí-lo este ano e inaugurá-lo em 2006, mas aí como prefeito reeleito do Rio, já que seu atual mandato termina em 2004.

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