Inaugurada a primeira individual de Roy Lichtenstein

Um dos ícones da pop art, Roy Lichtenstein, ganha só agora a primeira individual na América do Sul. Veja mais imagens

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Nome muito popular da pop art americana, mas não "superstar" mundial como Andy Warhol, como afirma a curadora da mostra, Roy Lichtenstein (1923-1997) se valeu da linguagem dos quadrinhos não somente para trazer para o status da arte a cultura de consumo de massa em suas pinturas e desenhos. Também usando o traço do cartum, subverteu os gêneros tradicionais artísticos (natureza-morta, paisagem, nu), uma maneira de inverter posições. No começo da década de 1960, críticos ficaram chocados: "Como podia essa arte - vulgar, kitsch e demasiadamente familiar - representar a verdade e beleza?" O público adorou, ainda adora. Surpreendente dizer que somente agora ocorrerá a primeira mostra individual de Lichtenstein na América do Sul. Em São Paulo, será inaugurada nesta quarta-feira, no Instituto Tomie Ohtake, a exposição Vida Animada - Desenhos de Roy Lichtenstein, com curadoria de Lisa Philips, diretora do New Museum of Contemporary Art de Nova York - em dezembro a mostra segue para o Museu Oscar Niemeyer em Curitiba. Estarão reunidos 78 desenhos do pop artist, realizados durante 35 anos de sua carreira. "Lichtenstein dedicou-se sempre à prática de inverter posições, questionando continuamente o que é considerado ´não-artístico´ e, por outro lado, o que é artístico", defende a curadora sobre o teor conceitual, a ousadia e a ironia por detrás da aparente banalidade dos temas do cotidiano, da cultura de massa - imagens de cinema, televisão e publicidade - e clichês "cartunizados" na obra do artista. "Acredito que ele seja um dos mais brilhantes artistas formalistas e conceituais do século passado", diz Lisa, em entrevista por e-mail. Não é preciso dizer que hoje Lichtenstein já está no rol dos nomes da recente história da arte - e que suas pinturas alcançam preços milionários ... A geração pop que surgia na Nova York dos anos 60 - da qual Lichtenstein fazia parte - estava atrás de um caminho que não o do expressionismo abstrato, considerado o primeiro movimento pictórico americano e iniciado no pós-guerra. Andy Warhol "celebrou" um produto como as latas de sopa Campbell em emblemática obra. Lichtenstein encontrou na linguagem gráfica dos quadrinhos - os grossos traços pretos e pinceladas pontilhadas - o seu caminho, o seu "novo não-estilo". Usar a figura de um Mickey Mouse, pintar em um quadro um copo d´água com um efervescente, repetir a imagem de uma lata de sopa parecia ser somente um jeito frio, distanciado e vazio de fazer obras. "Essa nova geração estava apenas prospectando uma dimensão diferente da psique estadunidense", afirma Lisa Philips. Mas a pop art, "movimento revolucionário", não só ficou nos EUA, eclodiu pelo mundo e sua ressonância pode ser percebida até hoje. Em cada lugar o pop foi incorporado de maneira diferente, com teores e propósitos diversos. No Brasil dos anos 1960, podemos citar nessa vertente artistas como Claudio Tozzi, Rubens Gerchman, Antonio Dias, Wesley Duke Lee e Nelson Leirner . Imitar, parodiar Nascido em outubro de 1923, em Nova York, Roy Lichtenstein fez suas primeiras obras semi-abstratas. Na década de 1950 começou a se apropriar de imagens da cultura americana, desde personagens animados a índios e caubóis - "embora em estilo expressionista", como conta a curadora. Lichtenstein caiu nas graças do galerista Leo Castelli (1907-1999), que impulsionou toda a geração pop - entre outros artistas de seu time estavam Jasper Johns e Robert Rauschenberg. O artista criou ao longo de sua carreira não somente pinturas, mas esculturas, murais, objetos. Ver somente seus desenhos nessa primeira mostra individual no Brasil é ser introduzido à base de toda a sua produção, como diz a curadora. A exposição é cronológica e os trabalhos serão apresentados em grupos com temas de interesse do artista como os gêneros tradicionais, tiras de quadrinhos, abstrações de raiz pop, iluminação e reflexão (lâmpadas e espelhos) e a forte presença da figura feminina. Vida Animada. Desenhos de Roy Lichtenstein. Instituto Tomie Ohtake. Av. Brig. Faria Lima, 201 (entrada pela Rua Coropés, 88) 2245-1900. 11h/20h (fecha 2.ª). Grátis. Até 20/11. Abertura na quarta-feira (21), 20h, para convidados.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.