Após meses de críticas, geladeira da Band e um processo nas costas (por dizer, no CQC, que "comeria" Wanessa Camargo "e o bebê" que ela esperava), Rafinha Bastos tem certeza de que está dando a volta por cima. No próximo domingo, o humorista estreia no comando da versão brasileira do Saturday Night Live (SNL), pela RedeTV!, e, em junho, lança o programa A Vida de Rafinha Bastos, no canal pago FX. "Tive a sorte, este ano, de fazer as duas coisas que sempre quis na vida: uma série de ficção e o SNL. Acho que saí ganhando dessa brincadeira toda. Chupa, sociedade!", alfinetou Rafinha, em entrevista coletiva do SNL, na última quarta-feira. Longe da TV há oito meses, o humorista garante que voltar ao ar não significa nada para ele. "Nunca fui desesperado por estar no ar. Isso é coisa de ex-BBB. Não tenho aquela coisa de 'preciso estar no ar, então vou ser assistente de palco do Dr. Rey'", disse, fazendo piada com o colega da nova emissora. "O que quero é fazer projetos legais."Parceria com a Endemol Brasil, a versão nacional do Saturday Night Live, segundo Rafinha, será fiel ao formato original (leia mais nesta página), com 60% do programa feito de esquetes de humor gravadas e, o restante, de esquetes e quadros ao vivo, com piadas dos principais acontecimentos da semana. A cada edição, um famoso convidado serve de apresentador, acompanhado por uma atração musical. Haverá também uma banda fixa, a Kings de la Noche que, assim como a original, tem 11 integrantes.Como produtor executivo do programa, Rafinha também ajudou a escalar os colegas da cena do stand up para a equipe de humoristas da atração. Assim, foram contratados: Fernando Muylaert (ex-Multishow e SBT), Marcela Leal (ex-Nickelodeon, Multishow e Band News TV), Marco Gonçalves e Anderson Bizzocchi (do É Tudo Improviso, da Band), Carla Candiotto (fundadora da cia. de teatro Lê Plat du Jour), Cláudio Carneiro (palhaço do Circo de Soleil), Randy Landucci (ex-Show do Tom e Piadaria, da Mix TV), Renata Gaspar (da série Descolados, da MTV) e Carol Zoccoli (finalista da seleção que escolheu Mônica Iozzi para o CQC), que também é chefe de roteiro do programa.Apesar do "saturday" no nome, a atração vai ao ar aos domingos, com a difícil tarefa de concorrer com o Pânico - o humorístico vem registrando ótimos 10 pontos para a Band. Rafinha explica a gafe: "Bati o pé pra ser no sábado, mas tem questões mercadológicas que vão além das minhas possibilidades. Sábado à noite não é aprazível para anunciantes", diz. Segundo a Endemol, em outros países, as versões do SNL não têm dia fixo para ir ao ar. "E quando a grife pega, não tem problema. O Terça Insana faz show no Brasil inteiro de sábado e domingo. E a gente vai confiar que o brasileiro não sabe que saturday é sábado", brinca Rafinha.Sem mea-culpa. No último ano, Rafinha experimentou os dois extremos da fama que construiu por suas piadas ferinas. Em março do ano passado, chegou a ser eleito pelo jornal The New York Times a pessoa mais influente do Twitter no mundo, à frente de personalidades como Barack Obama e Lady Gaga. Já em maio passado, causou polêmica ao declarar à revista Rolling Stone que "mulheres feias deveriam agradecer caso fossem estupradas, afinal, os estupradores estavam lhes fazendo uma caridade". A frase gerou inquérito do Ministério Público, que entendeu se tratar de apologia ao estupro.Desde a saia justa com Wanessa, o humorista tem evitado a imprensa, chegou a insultar repórteres por e-mail e só falou a Marília Gabriela (no SBT) porque, segundo ele, a jornalista teria aceito participar do programa A Vida de Rafinha Bastos. Rafinha, porém, não tem como fugir das entrevistas coletivas para divulgar seus novos programas. E é nelas que ele demonstra não ter superado o bombardeio de críticas por suas piadas infelizes. "Nenhuma das polêmicas que aconteceram foi pelo que eu disse, mas pela repercussão. O que eu falo, entra por um ouvido e sai pelo outro. Quando vocês (imprensa) descontextualizam a frase, aí a m... nasce. Então, a polêmica só depende de vocês (jornalistas). Não é de mim."Em sua nova empreitada na TV aberta, porém, o humorista diz não querer polemizar, mas reconhece que isso "será inevitável". "Não pretendo ofender muito as pessoas, mas humor não pode ter controle."