Humor negro e farsa em peça sobre ódio aos homens

O diretor José Renato apresenta em São Paulo a peça As Alegres Gulosas, do dramaturgo contemporâneo francês Jean Claude Danaud, autor que marca seus textos com humor negro e absurdo

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Por Agencia Estado
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Fundador do Teatro de Arena de São Paulo, premiado por direções inesquecíveis como das primeiras montagens de Eles não Usam Black-Tie, de Guarnieri, e Rasga Coração, de Oduvaldo Viana Filho, José Renato assumiu, ano passado, a direção artística do Teatro Arthur Azevedo. E é nesse teatro que estréia nesta sexta-feira As Alegres Gulosas, comédia de humor negro de Jean Claude Danaud. "Trata-se de um autor contemporâneo francês, que surgiu há 16 anos e vem fazendo sucesso com textos que mesclam humor negro e absurdo, mais ou menos na linha da peça Irma Vap", afirma o diretor. O tema de As Alegres Gulosas é a eterna guerra dos sexos, a disputa entre homens e mulheres. A peça é em torno da figura de uma viúva que tenta disseminar o seu ódio mortal contra o sexo masculino. Muito a propósito, o elenco é integrado por três atrizes - Rose Abdallah (a líder), Nany di Lima e Noemi Gerbelli -, ou seja, os homens não têm chance de fazer sua própria defesa. O cenário da peça é uma praça, onde a viúva faz ´ponto´ sempre pronta a fazer um ´comício´ para arrebanhar seguidoras. A trama começa a complicar quando chega Sofia (Nany), uma mulher humilde, desgastada pela vida, que procura a viúva em busca de ajuda para resolver um problema. Um, digamos, pequeno problema - como se livrar da cabeça do marido que ela acaba de matar. "A peça poderia muito bem chamar-se Como se Livrar da Cabeça do Marido", brinca José Renato. "Na verdade o espetáculo tem um humor cáustico, irônico e mordaz que nasce diretamente do texto, não exatamente das situações", adianta. "Optei por uma encenação limpa, eliminando os excessos no aspecto negro e privilegiando o tom farsesco, mais leve." A terceira personagem é uma beata do Exército da Salvação, a srta. Passarinho (Noemi). Ela é responsável pelo contraponto, a única a fazer uma defesa apaixonada dos homens. Só tem um detalhe. Ela é virgem, jamais conviveu com um desses ´abomináveis´ representantes do sexo oposto, como definiria a Viúva. "As personagens são caricatas até certo ponto. Tudo não passa de uma grande brincadeira do autor com os excessos do feminismo", argumenta José Renato. Nos figurinos, ele optou por fazer referências à década de 20, para dar um tom de época aos tipos retratados no palco. Na praça, por indicação do autor, há outdoors de lingerie e eletrodomésticos. "Não foi possível fazer para a estréia, mas penso numa projeção com a propaganda de facas elétricas guinzo, ideais para cortar cabeças de maridos", diz José Renato, pelo visto já tomado pelo ´espírito´ da peça. Serviço - As Alegres Gulosas. De Jean Claude Denaud. Direção José Renato. Duração: 1h30. De quinta a sábado, às 21 horas; domingo, às 20 horas. R$ 5,00 (quinta) e R$ 10,00. Teatro Artur Azevedo. Avenida Paes de Barros, 955, tel. 6605-8007. Até 27/10

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