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HQs e e-books: nova era em Frankfurt

A Feira do Livro mais importante do mundo chega à 52.ª edição confrontando a tradição e o futuro do mercado editorial, que entra com tudo na era do e-book

Por Agencia Estado
Atualização:

Um balanço do mercado editorial de todo o mundo foi feito hoje, durante a coletiva de imprensa promovida pela organização da 52.ª Feira do Livro de Frankfurt, a maior do gênero. Inaugurada esta noite, a feira será aberta oficialmente amanhã, com a participação de 107 países, quase 7 mil expositores e 100 mil lançamentos de livros. A estimativa é de que, durante os cinco dias do evento, passem pela "Buchmesse" cerca de 300 mil visitantes. As tendências apontam para um crescimento estrondoso no mercado de livros eletrônicos, assunto em destaque nesta edição da feira, que vai conceder pela primeira vez o Frankfurt e-Book Award a seis categorias, sendo que o melhor e-book será premiado com US$ 100 milhões. Para o editor americano Jason Epstein, o mundo está prestes a assistir a uma revolução no mercado editorial. Em artigo especial publicado na New York Review dedicada à Feira do Livro de Frankfurt, ele diz acreditar que cada vez menos obras serão impressas em milhares de cópias e vendidas em livrarias e, sim, digitalizadas e "baixadas" nos computadores dos leitores e impressas - uma cópia por vez -, conforme a demanda. Controvérsia - Independentemente do que possa ocorrer no futuro, o mercado do livro impresso parece estar longe da crise econômica. A indústria alemã prevê para este ano um crescimento de 1% a 3%, segundo o presidente da Associação de Editores e Livreiros Alemães, Roland Ulmer. Nos Estados Unidos o índice de crescimento esperado para este ano é de 5% e deve se manter inalterado até 2004, segundo Hubertus Schenkel, presidente do Conselho de Vigilância da Feira, que informou ainda que o crescimento do mercado britânico foi da ordem de 20% nos últimos cinco anos. Para Ulmer, o mercado literário é um dos poucos que não deve sofrer abalos como consequência do crescimento dos livros eletrônicos. "Não creio que chegue o dia em que os leitores carreguem todos os romances que queiram ler nos seus computadores e que em vez de procurar uma livraria procurem um distribuidor eletrônico", disse ele. O assunto será tema da palestra do jornalista e escritor polonês Ryszard Kapuscinksy: A Era Guttemberg não Terminou. Para ele, o grande problema é a distribuição. "A distribuição corresponde à brecha existente entre o mundo altamente desenvolvido e os países do Terceiro Mundo, pensando-se apenas na péssima situação das livrarias do Quênia e da Etiópia". Tradição - A tradição de destacar e promover a produção editorial e cultural de um país foi mantida este ano com a homenagem à Polônia, contando com a presença do primeiro-ministro polonês Jerzy Buzek e dos ministros das relações exteriores da Alemanha e da Polônia, além do Prêmio Nobel de Literatura de 1980, Czeslaw Milosz e de mais 70 escritores poloneses. Por outro lado, começaram a ser sentidos os efeitos da mudança de comando da feira. Depois de passar 25 anos presidida por Peter Weidhass, o evento agora liderado por Lorenzo Rudolf privilegia as publicações de histórias em quadrinhos. Rudolf comunicou durante a entrevista coletiva que a estrutura da feira vai mudar em 2001, aumentando a concentração dos expositores para encurtar o caminho percorrido pelos visitantes e terminando no domingo e não na segunda-feira seguinte à inauguração.

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