O livro dos sonhos do diretor italiano Federico Fellini, diário onde escreveu e desenhou tudo o que sonhava, de 1960 a 1990, será protagonista de uma exposição na Academia de Cinema de Los Angeles. Quinze anos após sua morte, Hollywood volta a homenagear o diretor italiano, vencedor de quatro prêmios Oscar por seus filmes e de uma estatueta pelo conjunto de sua obra, em 1992. Por isso, a Academia de Cinema elegeu o chamado "período do Oscar", de 23 de janeiro - data de escolha dos candidatos - a 19 de abril, para expor outra faceta de Fellini de desenhista e analista da psicologia humana. A exposição mostra 100 reproduções dos desenhos incluídos no "Fellini Onírico", antologia onírica, onde anotou seus sonhos e pesadelos, a pedido do psicanalista Ernst Bernhardt. O diretor dizia que se viviam duas vidas: uma com os olhos abertos e outra quando se fechavam. A esta última pertencem os desenhos de imagens grotescas, extravagantes e excessivas, situações absurdas e humorísticas, exemplos de seu cinema e seus protagonistas. O presidente da Fundação Fellini, o também diretor Pupi Avati, explicou hoje, no anúncio desta exposição, "como os desenhos dos sonhos são um antecipação das cores, temas e personagens que apareceriam em seus filmes". Até agora, as páginas do diário do cineasta de A Doce Vida (1960), 8 e 1/2 (1963) e Amarcord (1973) tinham sido expostas em Roma, em 2007 no Festival de cinema da capital, e em sua cidade natal, Rimini, e Pádua, mas pela primeira vez sairão da Itália. A exposição estará dividida em oito seções, entre elas a dedicada a sua mulher, a atriz Giulietta Masina e outra dos desenhos de suas soturnas obsessões eróticas, que representam a simbologia feminina de Fellini e de seu cinema: matronas corpulentas, loiras provocadoras e morenas sensuais. Até agora, o Livro dos Sonhos de Fellini foi publicado em 2007 na Itália e posteriormente na França e Alemanha.