História do capoeirista Besouro vira filme nacional

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Por AE
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O filme brasileiro "Besouro" não parece um filme brasileiro. Não é comédia, não se passa em uma favela e não tem atores da Globo. E é bem esse avesso que pode fazer "Besouro" voar alto. Contra as fórmulas das produções nacionais, este é um filme de ação, com estreia prevista para 30 de outubro, criado com efeitos especiais nos moldes de sucessos de Hollywood, como "Matrix", "Kill Bill" e "O Tigre e o Dragão".O protagonista Ailton Carmo, de 22 anos, não é ator, mas um capoeirista que interpreta a história de outro capoeirista, Besouro, que viveu na Bahia nos anos 20 e, reza a lenda, teria poderes sobrenaturais contra fazendeiros escravagistas. Aílton encantou a produção pelo porte físico de atleta e a habilidade no gingado. "Todo capoeirista conhece a história de Besouro. Nas músicas cantadas nas rodas, é mencionado Besouro Mangangá", diz o estreante, que aprovou a experiência. O fato de poder fazer um filme de ação contra a maré das comédias amorosas e longas de tragédias urbanas foi o que atraiu o renomado publicitário João Daniel Tikhomiroff, 41 anos. "Ao conhecer a história do capoeirista, me veio o estalo. Caramba, nunca vi isso em lugar nenhum, nunca tinha visto um filme brasileiro de super-herói, de ação", diz o diretor, que faz sua estreia no cinema.Para dar credibilidade ao filme, que teve orçamento de R$ 10 milhões, a produção viajou à Tailândia, onde localizou um dos maiores nomes dos efeitos especiais da indústria. Ex-dublê e parceiro do ator chinês Jet Li, Huen Chiu Ku, conhecido como Dee Dee, foi chamado para coordenar as sequências de ação.O personagem Besouro apareceu ao diretor por acaso, quando ele visitava um sebo de livros, há cinco anos. "Encontrei o livro Feijoada no Paraíso (do escritor carioca Marco Carvalho) na última prateleira. Resolvi pegar, por mera curiosidade", diz. "Quando li, passou um filme na minha cabeça." O filme se passa na década de 1920, com um Brasil ainda explorando a mão de obra negra. Os capoeiristas, nesse contexto, sofriam repressões violentas por adorarem entidades e orixás. "O povo dizia que ele virava besouro e saía voando. O mito surgiu porque esse negro sempre escapava dos cercos", diz o diretor.O momento em que Besouro conhece seus poderes é narrado pelo ator Milton Gonçalves, que faz uma participação a convite do diretor. "É o anúncio para o mundo do nascimento de uma personagem maravilhosa", conta o ator, que gostou da ideia de um herói brasileiro e negro que desafia a física como o próprio inseto besouro - que é pesado demais para voar, mas voa. "Temos tão poucos heróis no Brasil. Esse é único, não se parece com os que se vê na TV", diz Gonçalves. As informações são do Jornal da Tarde.

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