22 de setembro de 2009 | 10h37
O protagonista Ailton Carmo, de 22 anos, não é ator, mas um capoeirista que interpreta a história de outro capoeirista, Besouro, que viveu na Bahia nos anos 20 e, reza a lenda, teria poderes sobrenaturais contra fazendeiros escravagistas. Aílton encantou a produção pelo porte físico de atleta e a habilidade no gingado. "Todo capoeirista conhece a história de Besouro. Nas músicas cantadas nas rodas, é mencionado Besouro Mangangá", diz o estreante, que aprovou a experiência.
O fato de poder fazer um filme de ação contra a maré das comédias amorosas e longas de tragédias urbanas foi o que atraiu o renomado publicitário João Daniel Tikhomiroff, 41 anos. "Ao conhecer a história do capoeirista, me veio o estalo. Caramba, nunca vi isso em lugar nenhum, nunca tinha visto um filme brasileiro de super-herói, de ação", diz o diretor, que faz sua estreia no cinema.
Para dar credibilidade ao filme, que teve orçamento de R$ 10 milhões, a produção viajou à Tailândia, onde localizou um dos maiores nomes dos efeitos especiais da indústria. Ex-dublê e parceiro do ator chinês Jet Li, Huen Chiu Ku, conhecido como Dee Dee, foi chamado para coordenar as sequências de ação.
O personagem Besouro apareceu ao diretor por acaso, quando ele visitava um sebo de livros, há cinco anos. "Encontrei o livro Feijoada no Paraíso (do escritor carioca Marco Carvalho) na última prateleira. Resolvi pegar, por mera curiosidade", diz. "Quando li, passou um filme na minha cabeça." O filme se passa na década de 1920, com um Brasil ainda explorando a mão de obra negra. Os capoeiristas, nesse contexto, sofriam repressões violentas por adorarem entidades e orixás. "O povo dizia que ele virava besouro e saía voando. O mito surgiu porque esse negro sempre escapava dos cercos", diz o diretor.
O momento em que Besouro conhece seus poderes é narrado pelo ator Milton Gonçalves, que faz uma participação a convite do diretor. "É o anúncio para o mundo do nascimento de uma personagem maravilhosa", conta o ator, que gostou da ideia de um herói brasileiro e negro que desafia a física como o próprio inseto besouro - que é pesado demais para voar, mas voa. "Temos tão poucos heróis no Brasil. Esse é único, não se parece com os que se vê na TV", diz Gonçalves. As informações são do Jornal da Tarde.
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