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Hirsch estréia "A Memória da Água"

O diretor paranaense Felipe Hirsch, de A Vida É Cheia de Som e Fúria, sucesso do Festival de Teatro do ano passado, estréia este ano A Memória da Água, no Teatro Guaíra

Por Agencia Estado
Atualização:

Para muitos fãs de bandas como Sex Pistols, Smiths, Joy Division e Echo and the Bunnymen que lotaram o Sesc Anchieta no ano passado, a montagem curitibana A Vida É Cheia de Som e Fúria entrou para a lista dos cinco espetáculos de todos os tempos. A peça é baseada no romance Alta Fidelidade, de Nick Hornby. "Minha geração não tem opiniões, tem listas: as cinco melhores capas de discos, os cinco melhores souls, etc.", diz o personagem central Rob Fleming, interpretado por Guilherme Weber. Como Rob, Felipe Hirsch, diretor do espetáculo encenado com a paranaense Sutil Companhia de Teatro, fundada em 1993, poderia fazer listas de montagens bem-sucedidas ou listas de premiações - são mais de 40 no currículo. Mas prefere concentrar-se na lista de projetos em 2001. E são muitos. Entre eles a estréia de A Memória da Água, peça da dramaturga inglesa Shelagh Stephenson, no dia 24 de março no Teatro Guaíra, integrando a Mostra Oficial do 10.º Festival de Teatro de Curitiba. No elenco, Andréa Beltrão, Eliane Giardini, Ana Beatriz Nogueira, Guilherme Weber e Marcelo Vale. Na volta de Curitiba, a peça entra em temporada no Teatro das Artes, no Rio. A Vida É Cheia de Som e Fúria, reestréia no dia 8 de junho, no Teatro Popular do Sesi, em São Paulo. E a convite do Centro Cultural Fiesp, estréia no dia 18 de agosto, também no Teatro Popular do Sesi, uma nova montagem da Sutil Companhia, criada especialmente para o público paulistano. América Púrpura é o título provisório do espetáculo, inspirado no livro homônimo de Rick Moody. Ele ainda vai dirigir, em outubro, as atrizes Xuxa Lopes e Renata Sorrah na peça Jantar entre Amigos, de Donald Margulies, mesmo autor de Visitando o Sr. Green. A Vida É Cheia de Som e Fúria destacou-se na mostra paralela, o Fringe, do Festival de Teatro de Curitiba, no ano passado e rendeu muitos convites ao diretor que, desta vez, estréia A Memória da Água na Mostra Oficial. Apaixonado pelas chamadas memory plays, peças memorialistas, Hirsch vem trabalhando com esse tipo de dramaturgia desde a fundação da Sutil Companhia. Espetáculos como Juventude ou Por um Novo Incêndio Romântico apóiam-se na narrativa das memórias de um personagem. "Esse tipo de dramaturgia permite grande liberdade de cortes, de deslocamento no tempo e no espaço, propiciando um ritmo nervoso, uma velocidade mais comum à linguagem do cinema do que do teatro." E foi a atração por esse tipo de narrativa - e de estética - que levou Hirsch a apaixonar-se pelo texto de A Memória da Água desde a primeira leitura. A peça tem como ponto de partida o encontro de três irmãs, que se reúnem na casa onde passaram a infância, por causa da morte da mãe. O texto não trata só da reconstituição do passado, mas da memória conservada no presente. "Essas mulheres vivem um momento de passagem, no qual elas percebem que muito da mãe está nelas, até mesmo características que criticavam." Eliane Giardini interpreta Tereza, a mais velha, casada com o jovem Frank (Vale), a quem conheceu por meio de anúncio de jornal. "Ela se sente a vítima da família e foi quem permaneceu com a mãe até a morte. Por outro lado, está muito esperançosa com sua relação com esse rapaz." Andréa Beltrão vive a irmã do meio, Maria, uma médica alopática, mulher mais racional. Aos 39 anos, ela mantém uma relação com Mike (Weber), um homem casado que não deseja separar-se da mulher. A caçula Catarina (Ana Beatriz), de 33 anos, é a mais insegura das três, sente-se meio desprezada pelas outras, um tipo rebelde. "Porque sabe que vai chocar, ela faz o tipo meio doidona, chegada numa química", observa Hirsch. A peça é toda construída sobre esse embate de memórias entre as irmãs. A mãe também é personagem e entra em cena principalmente por meio dos sonhos de Maria. "Ela conversa com a mãe (Clarisse Niskier) que nos seus sonhos, tem sempre 40 anos." Os ensaios começaram essa semana. Na equipe estão as irmãs Erica e Úrsula Migon, tradutoras do texto; o iluminador Beto Bruel e o Foca, responsável pela computação gráfica e ainda a dupla criadora das trilhas sonoras, Rodrigo Barros Homem e L.A. Ferreira. Todos na Sutil desde sua fundação. Cenários e figurinos ainda não estão prontos, mas segundo o diretor, "a ambientação é a de uma casa à beira de uma praia, mas uma praia gelada. Lembra a Ilha de Faro, do Ingmar Bergman e o cenário deve reproduzir esse clima."

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