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Luzes da cidade

Hillary e Lula num bar

Hillary, Lula e Dilma entram num bar. Não, não tenho uma piada para contar. Os três se encontraram, há seis anos, quando a então Secretária de Estado foi a Brasília. Hillary queria que o Brasil apoiasse os Estados Unidos na manutenção das sanções ao Irã. Dilma, que se interessava tanto pelo Irã e política externa quanto Hillary se interessa por axé music, andava a tiracolo de Lula por estar em campanha para o suceder.

Por Lúcia Guimarães
Atualização:

Se os três, de fato, entrassem num bar hoje poderiam afogar mágoas comuns. Começo com Hillary. Um conservador norte-americano com pedigree, desses cujo ódio aos Clintons só aumentou desde que ambos emergiram da jequice do Arkansas para a ribalta incessante, mesmo o ferrenho opositor político, longe de qualquer equipamento de gravação, dirá o óbvio: Hillary Clinton é a mais preparada candidata à Casa Branca. Ponto. E não é só o inimigo previsível. Uma estrela democrata que começou brilhando com ataques a Hillary acaba de dizer o mesmo.

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Em 2009, aos 27 anos, Jon Favreau se tornou o mais jovem redator de discursos da história da Casa Branca, um feito nada desprezível, considerando que o próprio Obama é um artesão da oratória. Na semana passada, Favreau, depois de admitir que usou seu talento para ajudar Obama a criticar a então adversária em 2008, fez uma ardente defesa de suas qualificações num artigo. E ainda teve a audácia de declarar que a eleição de Hillary este ano seria “muito mais importante para o país, em 2016, do que foi eleger Barack Obama em 2008.”

Não é só o trator Donald Trump que Favreau aponta como a ameaça. Mesmo se um imprevisto tirar Trump do caminho da Casa Branca, há tanto em jogo nos próximos anos, como nomeações na Suprema Corte, o controle das duas casas do Congresso por republicanos cada vez mais radicalizados, que a sucessão se torna mais crucial.

Hillary, no entanto, tem enfrentado sério desafio de um senador adorável com lacunas expressivas para ocupar um cargo que deveria ficar longe do alcance de amadores. Muito se fala da implosão do Partido Republicano por Donald Trump. Mas o Partido Democrata não vai bem das pernas em sua defesa das políticas que representa. Bernie Sanders fala em revolução, em virar a mesa e é mérito seu ter colocado o papel do dinheiro na política no centro do debate. Trump também critica a influência de doadores, mas é um incendiário fora de controle.

Hillary e Lula têm uma história para contar, Dilma mal tenta contar a sua e é uma comunicadora desastrosa. Mas eles estão sendo atropelados pela invasão da política pela tecnologia. Assim que ler a frase anterior em seu smartphone, algum internauta há de correr para alguma rede social e me acusar de comparar a história de Hillary à de Lula. E quando eu me explicar, na próxima frase, possivelmente será tarde demais para o dito internauta.

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Lula encontrou uma festa do PT, no Rio, com menos de um terço do público esperado e se defendeu das acusações de corrupção com o talento que conhecemos nos comícios da década de 1980. Lula usou sua capacidade narrativa para se livrar do Mensalão, não importa se estivesse mentindo. Agora, não importa se é dono deste ou aquele imóvel, engana-se ao dizer que sua inimiga é uma empresa de mídia. A história que Lula quer contar esbarra na enorme velocidade com que ela é desconstruída e também no poder que o smartphone dá a cada indivíduo.

Vivemos um tempo de sarcasmo e de atenção estilhaçada. Democracia requer atenção e tempo. A eleição norte-americana e a crise brasileira dão uma sensação de fim de mundo, mas não se trata da aproximação de um evento bíblico. Assistimos, talvez, ao nascimento de um novo modo de fazer política e ele assusta, como assustavam as mudanças tecnológicas que desempregaram trabalhadores ao longo da história.

Assistimos, talvez, ao nascimento de um modo de fazer política – e ele assusta

SEGUNDA-FEIRA

LÚCIA GUIMARÃES VANESSA BARBARA  

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QUARTA-FEIRA

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SEXTA-FEIRA

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SÁBADO

MARCELO RUBENS PAIVA

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SÉRGIO AUGUSTO DOMINGO

VERISSIMO

FÁBIO PORCHAT  

LÚCIA GUIMARÃES

Hillary, Lula e Dilma entram num bar. Não, não tenho uma piada para contar. Os três se encontraram, há seis anos, quando a então Secretária de Estado foi a Brasília. Hillary queria que o Brasil apoiasse os Estados Unidos na manutenção das sanções ao Irã. Dilma, que se interessava tanto pelo Irã e política externa quanto Hillary se interessa por axé music, andava a tiracolo de Lula por estar em campanha para o suceder.

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Se os três, de fato, entrassem num bar hoje poderiam afogar mágoas comuns. Começo com Hillary. Um conservador norte-americano com pedigree, desses cujo ódio aos Clintons só aumentou desde que ambos emergiram da jequice do Arkansas para a ribalta incessante, mesmo o ferrenho opositor político, longe de qualquer equipamento de gravação, dirá o óbvio: Hillary Clinton é a mais preparada candidata à Casa Branca. Ponto. E não é só o inimigo previsível. Uma estrela democrata que começou brilhando com ataques a Hillary acaba de dizer o mesmo.

Em 2009, aos 27 anos, Jon Favreau se tornou o mais jovem redator de discursos da história da Casa Branca, um feito nada desprezível, considerando que o próprio Obama é um artesão da oratória. Na semana passada, Favreau, depois de admitir que usou seu talento para ajudar Obama a criticar a então adversária em 2008, fez uma ardente defesa de suas qualificações num artigo. E ainda teve a audácia de declarar que a eleição de Hillary este ano seria “muito mais importante para o país, em 2016, do que foi eleger Barack Obama em 2008.”

Não é só o trator Donald Trump que Favreau aponta como a ameaça. Mesmo se um imprevisto tirar Trump do caminho da Casa Branca, há tanto em jogo nos próximos anos, como nomeações na Suprema Corte, o controle das duas casas do Congresso por republicanos cada vez mais radicalizados, que a sucessão se torna mais crucial.

Hillary, no entanto, tem enfrentado sério desafio de um senador adorável com lacunas expressivas para ocupar um cargo que deveria ficar longe do alcance de amadores. Muito se fala da implosão do Partido Republicano por Donald Trump. Mas o Partido Democrata não vai bem das pernas em sua defesa das políticas que representa. Bernie Sanders fala em revolução, em virar a mesa e é mérito seu ter colocado o papel do dinheiro na política no centro do debate. Trump também critica a influência de doadores, mas é um incendiário fora de controle.

Hillary e Lula têm uma história para contar, Dilma mal tenta contar a sua e é uma comunicadora desastrosa. Mas eles estão sendo atropelados pela invasão da política pela tecnologia. Assim que ler a frase anterior em seu smartphone, algum internauta há de correr para alguma rede social e me acusar de comparar a história de Hillary à de Lula. E quando eu me explicar, na próxima frase, possivelmente será tarde demais para o dito internauta.

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Lula encontrou uma festa do PT, no Rio, com menos de um terço do público esperado e se defendeu das acusações de corrupção com o talento que conhecemos nos comícios da década de 1980. Lula usou sua capacidade narrativa para se livrar do Mensalão, não importa se estivesse mentindo. Agora, não importa se é dono deste ou aquele imóvel, engana-se ao dizer que sua inimiga é uma empresa de mídia. A história que Lula quer contar esbarra na enorme velocidade com que ela é desconstruída e também no poder que o smartphone dá a cada indivíduo.

Vivemos um tempo de sarcasmo e de atenção estilhaçada. Democracia requer atenção e tempo. A eleição norte-americana e a crise brasileira dão uma sensação de fim de mundo, mas não se trata da aproximação de um evento bíblico. Assistimos, talvez, ao nascimento de um novo modo de fazer política e ele assusta, como assustavam as mudanças tecnológicas que desempregaram trabalhadores ao longo da história.

Assistimos, talvez, ao nascimento de um modo de fazer política – e ele assusta

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Hillary, Lula e Dilma entram num bar. Não, não tenho uma piada para contar. Os três se encontraram, há seis anos, quando a então Secretária de Estado foi a Brasília. Hillary queria que o Brasil apoiasse os Estados Unidos na manutenção das sanções ao Irã. Dilma, que se interessava tanto pelo Irã e política externa quanto Hillary se interessa por axé music, andava a tiracolo de Lula por estar em campanha para o suceder.

Se os três, de fato, entrassem num bar hoje poderiam afogar mágoas comuns. Começo com Hillary. Um conservador norte-americano com pedigree, desses cujo ódio aos Clintons só aumentou desde que ambos emergiram da jequice do Arkansas para a ribalta incessante, mesmo o ferrenho opositor político, longe de qualquer equipamento de gravação, dirá o óbvio: Hillary Clinton é a mais preparada candidata à Casa Branca. Ponto. E não é só o inimigo previsível. Uma estrela democrata que começou brilhando com ataques a Hillary acaba de dizer o mesmo.

Em 2009, aos 27 anos, Jon Favreau se tornou o mais jovem redator de discursos da história da Casa Branca, um feito nada desprezível, considerando que o próprio Obama é um artesão da oratória. Na semana passada, Favreau, depois de admitir que usou seu talento para ajudar Obama a criticar a então adversária em 2008, fez uma ardente defesa de suas qualificações num artigo. E ainda teve a audácia de declarar que a eleição de Hillary este ano seria “muito mais importante para o país, em 2016, do que foi eleger Barack Obama em 2008.”

Não é só o trator Donald Trump que Favreau aponta como a ameaça. Mesmo se um imprevisto tirar Trump do caminho da Casa Branca, há tanto em jogo nos próximos anos, como nomeações na Suprema Corte, o controle das duas casas do Congresso por republicanos cada vez mais radicalizados, que a sucessão se torna mais crucial.

Hillary, no entanto, tem enfrentado sério desafio de um senador adorável com lacunas expressivas para ocupar um cargo que deveria ficar longe do alcance de amadores. Muito se fala da implosão do Partido Republicano por Donald Trump. Mas o Partido Democrata não vai bem das pernas em sua defesa das políticas que representa. Bernie Sanders fala em revolução, em virar a mesa e é mérito seu ter colocado o papel do dinheiro na política no centro do debate. Trump também critica a influência de doadores, mas é um incendiário fora de controle.

Hillary e Lula têm uma história para contar, Dilma mal tenta contar a sua e é uma comunicadora desastrosa. Mas eles estão sendo atropelados pela invasão da política pela tecnologia. Assim que ler a frase anterior em seu smartphone, algum internauta há de correr para alguma rede social e me acusar de comparar a história de Hillary à de Lula. E quando eu me explicar, na próxima frase, possivelmente será tarde demais para o dito internauta.

Lula encontrou uma festa do PT, no Rio, com menos de um terço do público esperado e se defendeu das acusações de corrupção com o talento que conhecemos nos comícios da década de 1980. Lula usou sua capacidade narrativa para se livrar do Mensalão, não importa se estivesse mentindo. Agora, não importa se é dono deste ou aquele imóvel, engana-se ao dizer que sua inimiga é uma empresa de mídia. A história que Lula quer contar esbarra na enorme velocidade com que ela é desconstruída e também no poder que o smartphone dá a cada indivíduo.

Vivemos um tempo de sarcasmo e de atenção estilhaçada. Democracia requer atenção e tempo. A eleição norte-americana e a crise brasileira dão uma sensação de fim de mundo, mas não se trata da aproximação de um evento bíblico. Assistimos, talvez, ao nascimento de um novo modo de fazer política e ele assusta, como assustavam as mudanças tecnológicas que desempregaram trabalhadores ao longo da história.

Assistimos, talvez, ao nascimento de um modo de fazer política – e ele assusta

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Hillary, Lula e Dilma entram num bar. Não, não tenho uma piada para contar. Os três se encontraram, há seis anos, quando a então Secretária de Estado foi a Brasília. Hillary queria que o Brasil apoiasse os Estados Unidos na manutenção das sanções ao Irã. Dilma, que se interessava tanto pelo Irã e política externa quanto Hillary se interessa por axé music, andava a tiracolo de Lula por estar em campanha para o suceder.

Se os três, de fato, entrassem num bar hoje poderiam afogar mágoas comuns. Começo com Hillary. Um conservador norte-americano com pedigree, desses cujo ódio aos Clintons só aumentou desde que ambos emergiram da jequice do Arkansas para a ribalta incessante, mesmo o ferrenho opositor político, longe de qualquer equipamento de gravação, dirá o óbvio: Hillary Clinton é a mais preparada candidata à Casa Branca. Ponto. E não é só o inimigo previsível. Uma estrela democrata que começou brilhando com ataques a Hillary acaba de dizer o mesmo.

Em 2009, aos 27 anos, Jon Favreau se tornou o mais jovem redator de discursos da história da Casa Branca, um feito nada desprezível, considerando que o próprio Obama é um artesão da oratória. Na semana passada, Favreau, depois de admitir que usou seu talento para ajudar Obama a criticar a então adversária em 2008, fez uma ardente defesa de suas qualificações num artigo. E ainda teve a audácia de declarar que a eleição de Hillary este ano seria “muito mais importante para o país, em 2016, do que foi eleger Barack Obama em 2008.”

Não é só o trator Donald Trump que Favreau aponta como a ameaça. Mesmo se um imprevisto tirar Trump do caminho da Casa Branca, há tanto em jogo nos próximos anos, como nomeações na Suprema Corte, o controle das duas casas do Congresso por republicanos cada vez mais radicalizados, que a sucessão se torna mais crucial.

Hillary, no entanto, tem enfrentado sério desafio de um senador adorável com lacunas expressivas para ocupar um cargo que deveria ficar longe do alcance de amadores. Muito se fala da implosão do Partido Republicano por Donald Trump. Mas o Partido Democrata não vai bem das pernas em sua defesa das políticas que representa. Bernie Sanders fala em revolução, em virar a mesa e é mérito seu ter colocado o papel do dinheiro na política no centro do debate. Trump também critica a influência de doadores, mas é um incendiário fora de controle.

Hillary e Lula têm uma história para contar, Dilma mal tenta contar a sua e é uma comunicadora desastrosa. Mas eles estão sendo atropelados pela invasão da política pela tecnologia. Assim que ler a frase anterior em seu smartphone, algum internauta há de correr para alguma rede social e me acusar de comparar a história de Hillary à de Lula. E quando eu me explicar, na próxima frase, possivelmente será tarde demais para o dito internauta.

Lula encontrou uma festa do PT, no Rio, com menos de um terço do público esperado e se defendeu das acusações de corrupção com o talento que conhecemos nos comícios da década de 1980. Lula usou sua capacidade narrativa para se livrar do Mensalão, não importa se estivesse mentindo. Agora, não importa se é dono deste ou aquele imóvel, engana-se ao dizer que sua inimiga é uma empresa de mídia. A história que Lula quer contar esbarra na enorme velocidade com que ela é desconstruída e também no poder que o smartphone dá a cada indivíduo.

Vivemos um tempo de sarcasmo e de atenção estilhaçada. Democracia requer atenção e tempo. A eleição norte-americana e a crise brasileira dão uma sensação de fim de mundo, mas não se trata da aproximação de um evento bíblico. Assistimos, talvez, ao nascimento de um novo modo de fazer política e ele assusta, como assustavam as mudanças tecnológicas que desempregaram trabalhadores ao longo da história.

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